Uma Decisão
Sempre fui muito responsável em meus trabalhos, muito organizadas com minhas coisas, e muito comprometida, mais hoje estava extremamente cansada de ser assim tão certinha.
Tinha um dia ocupado, a agenda cheio de compromisso, mais resolvi não ir trabalhar, e nem se quer liguei pra avisar, dormir tranquilamente, até o sono acabar.
Também tinha um trabalho da faculdade, mais resolvi que não ia me preocupar.
Levantei as 11hs apenas de calcinha, fui a cozinha fazer café, pelo jeito o almoço sairia lá pelas 15h, com uma xícara na mão voltei para sala, ligo o som, e caminho para o banheiro, preparo um banho de espuma, enquanto bebericava o café.
Entro na água morna e me deixo relaxar, pensando em toda minha vida e no motivo que me levou a querer intensamente muda-la.
O telefone toca, toca não atendo.
Aquele garoto da faculdade cruzou meu caminho feito furacão.
Pior que isso um tufão, tirou tudo do lugar, meus pensamentos, minha razão, meu coração.
Nunca me imaginei fazendo certas coisas que hoje faço sem pensar, e desse jeito me arrisquei, me declarei, e...
O telefone continua insistindo... não me importo.
Ele me disse sutilmente que não sou boa o bastante pra ele, me arrasou, foi como um muro bem dado com luva de boxe, como espelho que se parte em pedacinhos, destruiu meu coração.
E eu que pensava ter descoberto o amor, encontrei a solidão.
13hs, o tempo passou e nem percebi, saio da água agora fria, me arrumo e saio pela cidade. Giro de carro pelas ruas, sem notar nada, sem ver, sem envergar, tudo parece sem cor, sem vida, distorcido por minhas magoas, feio pelas minhas feridas.
Paro o carro num canto qualquer, desço, e vago, olho as vitrines, olho os rostos, olho a paisagem, como quem procura algo especial, ou que perdeu.
Ando sem sentido, sem destino, ando, ando quilômetros sem fim, passo por uma praça e num cantinho escondido sento e ponho-me a observar:
Uma casal de namorados, crianças brincando com a mãe, duas moça correndo, um grupo conversando, uma senhora solitária, olhando tudo ao redor. Me vejo naquela figura, um alguém solitário, sem vida, sem amor. Suspiro fundo, me arrumo, tomo uma decisão, levanto, e retorno pra vida com outros olhos. Viver aventuras, viver novas emoções.