Reverso ( Parte 1 )
"Não são claros meus pensamentos, confuso o meu sentimento, ainda é madrugada, é trágica essa madrugada, será que nunca terá fim?
É sempre escuro, dolorido, aterrorizante, a agonia toma conta de mim, sou sombra, sou escuridão.
Já faz tanto tempo, não sei distinguir o que me tornei, por tanto tempo senti a falta dela, e me esgoelei, me contorcendo, me esmagando de dor, a dor de não te-la ali comigo, nem me importava a escuridão do meu ser se ela ali comigo estivesse.
Quando soltei de minhas mãos seu corpo ainda quente, porém já sem vida; ela seria minha e de mais ninguém, estaria com ela, iria encontra-la onde quer que fosse, saí correndo, louco, alucinado pulei do alto daquele edifício para encontra-la e encontrei a escuridão.
Tudo bem está escuro! Mas onde ela está? Não a encontrei!
Que desespero eu queria morrer, mas não era possível, pois eu já me encontrava nesta condição.
Só pensava em te-la ainda que fosse ali naquele abismo.
Meu tormento nesse período não era a dor que revivi por tanto tempo, a sensação repetida de ter todos os ossos do corpo quebrados, era a obsessão. Não te-la ali comigo sob meu domínio, meu jugo, o vazio era completo, a escuridão contínua, não havia ninguém ali, seria perfeito se ela estivesse comigo, só nós dois, me prendi nesse sentimento tanto tempo sem perceber que estava enclausurado na minha própria escuridão, fui sendo consumido por mim mesmo.
Muito tempo havia se passado e já não lembrava mais nada que não fosse aquela escuridão, senti medo de mim mesmo, tinha pavor de estar ali, não havia mais nada à minha volta, não via nada só escuridão, vazio, um buraco sem fundo e a sensação de estar caindo todo o tempo.
Nesta fase já havia perdido a noção de quem era ou havia sido, não tinha nenhum tipo de discernimento, certo ou errado, bom ou ruim, bem ou mal, nada, apenas o vazio escuro de mim mesmo..."
Continua no texto: "Reverso ( Parte 2 )"