Recordações Atlantis
Ela estava sentada no jardim, o dia estava bonito. Ela estava serena e tranquila, até que uma das antigas do templo veio chamá-la. Estava na hora da cerimônia. Ela até gostava, mas preferia ficar ali fora em meio a natureza. Ia contrariada, mas ia. Preferia fica ali fora brincando com ele, seu melhor amigo, o inseparável Orionis.
Ele era um garoto magro, de cabelos claros, cor de ouro. Também era como ela, preferia ficar solto, livre. Não eram de aprontar, fazer coisas erradas, mas eram crianças, gostavam das brincadeiras típicas daquela idade. E ela tinha muita responsabilidade, o que tomava quase todo seu tempo.
Ela já havia entrado no templo e tomado seu lugar junto a fila das sacerdotisas. Cantava junto com as outras, e de onde estava podia enxergar ele. Orionis falava com ela mentalmente, e também fazia algumas caretas, divertindo-a, tirando sua concentração. Ele a chamou com um aceno de cabeça para irem para seu lugar secreto e preferido. Ela aproveitou um momento oportuno e então se retirou silenciosamente do templo, indo encontrá-lo atrás dos muros de cor violeta.
Lá foram riam e se divertiam.
A visão mudou, e ela já era uma jovem adolescente, com o corpo alongado, suas vestes cerimoniais de cor azul com nuances violetas. Passava a maior parte do tempo estudando, recebendo instruções, em livros, de pessoas, e em si própria... Muito era gravado e registrado por ela e nela...
A visão era atemporal, mostrava-a novamente criança, cuidada pelas mais velhas.
Novamente já jovem estava em um barco com Orionis. O barco se movia lentamente sozinho pelas águas. Apreciavam muito a companhia um do outro. A água era calma, de um azul translúcido perfeito.
Novamente a visão mudou para uma pirâmide de cristal azul, muito grande que estava ao lado de uma outra idêntica. Ela sentiu-se entrando na pirâmide, passando através de suas paredes, como se fizesse parte dela. Lá dentro, as energias azuis eram ativadas pelo som. Os sacerdotes e sacerdotisas entoavam canções, em outros momentos era apenas a vibração na nota certa, e com isso, com a ressonância a pirâmide respondia, era ativada, ressoava em conjunto.
De repente, ela estava novamente no barco. Esse barco tinha a proa entalhada, retorcida para baixo, como numa espiral, e era azul. Se movia por si só. Ela estava com Orionis, mas de repente estava só. Olhava para trás e a via, uma das antigas do templo, a mais querida, a mais próxima, acenando desesperadamente para que partisse: “Vá!” , e ela sentiu medo e desespero passou por seus olhos. Não queria deixá-los. “Vá”, ela gritou novamente.
Então seu barco movia-se rapidamente pelas águas. Olhou para trás e viu Orionis em um outro barco, Haviam outros barcos em fuga. Dentro do seu haviam livros, inscrições, e em seus braços um bebezinho... Na visão não conseguiu confirmar, mas achava que não era seu filho, mas que ficara responsável por ele. Tinha que levar a si própria, os registros que continha em si, os livros, e aquele pequeno bebê para longe daquele caos que se iniciava...