Náufrago ( parte 2 )
"... Era quente, acolhedor, o tratamento era diferente, nunca antes tinha visto uma forma tão estranha de aplicar primeiros socorros, mas estava tão cansado, tão alquebrado, que à medida que não sentia mais dores, nem fome, nem sede, diante daquele procedimento que me aplicavam, apenas conseguia me entregar àqueles cuidados sem nenhum tipo de questionamento, queria apenas me recuperar e ganhar forças para levantar, depois sairia dali, afinal precisava encontrar minha família, meus amigos, contar tudo que aconteceu, como foi sofrido, mas estava salvo, e não vendo a hora de poder reencontra-los e relatar todo meu sofrimento, minha dor e minha sorte pois afinal estava finalmente salvo!"
" Assim embalado por todos esses pensamentos esse amigo, irmão, após ser resgatado, socorrido, adormeceu.
Durante todo o tempo que permaneceu desacordado, recebeu de nossa equipe socorrista, fluidos magnéticos, energia, luz, para reestruturar aquele espírito tão debilitado pelo tempo.
Ele não tinha noção desse tempo pois perdera toda a referencia, as pessoas que ele sonhava reencontrar já não eram as mesmas, na terra, o tempo transforma pessoas, numa diversidade tanto positiva quanto negativa e muita coisa havia acontecido, pois muito tempo havia se passado.
Mas o que importava agora é que aquele ser estava ali, agora não mais submerso em águas, turbulentas e pesadas, porém teria que se prevenir, para que não viesse submergir em meio aos seus anseios, suas expectativas, a uma realidade que não mais existia, estava muito debilitado e assim a cada vez que acordava, ministrávamos os fluidos necessários para recompor, reabilitar aquele ser, e assim sem possibilidades de questionamentos sempre voltava a adormecer.
E assim permaneceu o tempo necessário para restabelecer parte do equilíbrio das forças desgastadas, recompor órgãos e toda estrutura de sua aura.
Seu corpo espiritual diante da recusa em aceitar sua condição e tendo escolhido ficar preso, revivendo repetidas vezes aqueles momentos de horror foi deteriorando, havia chegado ali naquele espaço de tratamento todo desfigurado.
Mais longo tempo se passou, seu corpo recebeu todos os cuidados e já retomara a forma, e já era momento de tomar consciência de sua condição, aceitar sua condição tirar a venda da recusa que havia colocado em seus olhos.
E numa manhã de sol sentimos que já podia levantar-se, andar um pouco conhecer o lugar onde já permanecia por longo período, e assim foi conduzido algumas vezes ao jardim daquela colônia espiritual, lugar de amparo,de socorro à espíritos rebeldes, desfigurados, que só se permitia resgatar diante de situação extrema de dor e desespero, e grande parte chegava ali acreditando ter encontrado ajuda terrena, só depois de tratados dos seus ferimentos mais profundos eram confrontados com sua real condição.
As reações eram as mais diversas possíveis e imagináveis..."
Continua... ( parte 3 )