Revira-se Sinatra...
O som da agulha é mais que nostálgico, quase sinestésico, só o leve toque do diamante no disco já me vem cheiro de bolinhos de chuva de vovó, vem também pés descalços no chão de taco. Por isso tiro os sapatos e preparo um ritual quase que impecável para estrear a vitrola que há tanto desejara. Já sinto meu corpo dançando ainda sem a doce melodia de Sinatra escolhida a dedo. Com movimentos leves e com a lentidão necessária que castiga meu corpo todo com calafrios de prazer me conforto ao soltar a agulha em direção ao vinil. Que momento memorável. Quase! Na janela a frente o vizinho também escolheu o propício momento para dançar freneticamente o bonde do tigrão.