Quando cheguei em casa e vi as luzes, liguei imediatamente para minha secretária. Depois de três toques, a secretária – a eletrônica – pediu-me que deixasse uma mensagem. Não deixei. Não adiantaria. Eu precisava da secretária de carne e osso, real, para me explicar o que significava aquelas luzes.
Fiquei desconcertado. As luzes me espreitavam de um canto da sala, arranhando a penumbra sempre bem vinda da minha sala de estar, com cintilações de vermelho, azul e verde. Eu podia estar correndo sério risco caso me adiantasse e enfrentasse aqueles brilhos inexplicáveis assim, sem o menor esclarecimento, de peito aberto.
Deslizei até a cozinha para chamar a portaria pelo interfone. Se algo de diferente acontecera no prédio, os porteiros deviam saber. O porteiro me atendeu aborrecido por ter, talvez, sido interrompido em alguma tarefa inadiável – como ler as páginas de esporte do jornal ou falar da vida de um condômino com algum outro condômino – e me disse que ninguém me procurara e ninguém, também, subira ao meu apartamento, o que, lembrou-me ele com absoluta segurança profissional, não seria possível pela simples razão de que eu não me encontrava em casa.
A situação assim agravou-se e eu já não contava com mais nenhum recurso para me prevenir. Tinha que enfrentar aquilo fosse lá o que fosse.
Abri uma gaveta da cozinha, saquei de lá uma faca e com o corpo tenso, em guarda, voltei para a sala, pronto a abater ou ser abatido pela criatura por detrás daquelas luzes apavorantes.
Decidi entrar na sala de um salto; já vira no cinema que o tal elemento surpresa é fundamental em uma guerra. Ademais, eu conhecia o território melhor do que qualquer outro, afinal já morava ali fazia dez anos.
Com um grito rouco e a faca erguida, saltei contra meu desconhecido inimigo
.
No canto da sala, uma árvore de natal com enfeites e luzes me devolveu o grito de batalha. As luzes; um enorme pisca-pisca que se enroscava entre os galhos verdes do pinheiro. Vermelho, verde, azul. E agora se refletiam, também, na lâmina prateada da injustificável faca.
Baixei a intrépida arma e depois de minutos de estupor absoluto sentei-me em uma poltrona, do outro lado da árvore cintilante. A poltrona era confortável; e assim o tempo foi passando, passando, a noite tornou-se madrugada e eu, pela primeira vez, senti-me absorvido pelo silêncio e que alguém, tão tangível quanto o líquido reflexo daquelas pequenas luzes, acompanhava-me naquela noite inesperada.
Fiquei desconcertado. As luzes me espreitavam de um canto da sala, arranhando a penumbra sempre bem vinda da minha sala de estar, com cintilações de vermelho, azul e verde. Eu podia estar correndo sério risco caso me adiantasse e enfrentasse aqueles brilhos inexplicáveis assim, sem o menor esclarecimento, de peito aberto.
Deslizei até a cozinha para chamar a portaria pelo interfone. Se algo de diferente acontecera no prédio, os porteiros deviam saber. O porteiro me atendeu aborrecido por ter, talvez, sido interrompido em alguma tarefa inadiável – como ler as páginas de esporte do jornal ou falar da vida de um condômino com algum outro condômino – e me disse que ninguém me procurara e ninguém, também, subira ao meu apartamento, o que, lembrou-me ele com absoluta segurança profissional, não seria possível pela simples razão de que eu não me encontrava em casa.
A situação assim agravou-se e eu já não contava com mais nenhum recurso para me prevenir. Tinha que enfrentar aquilo fosse lá o que fosse.
Abri uma gaveta da cozinha, saquei de lá uma faca e com o corpo tenso, em guarda, voltei para a sala, pronto a abater ou ser abatido pela criatura por detrás daquelas luzes apavorantes.
Decidi entrar na sala de um salto; já vira no cinema que o tal elemento surpresa é fundamental em uma guerra. Ademais, eu conhecia o território melhor do que qualquer outro, afinal já morava ali fazia dez anos.
Com um grito rouco e a faca erguida, saltei contra meu desconhecido inimigo
.
No canto da sala, uma árvore de natal com enfeites e luzes me devolveu o grito de batalha. As luzes; um enorme pisca-pisca que se enroscava entre os galhos verdes do pinheiro. Vermelho, verde, azul. E agora se refletiam, também, na lâmina prateada da injustificável faca.
Baixei a intrépida arma e depois de minutos de estupor absoluto sentei-me em uma poltrona, do outro lado da árvore cintilante. A poltrona era confortável; e assim o tempo foi passando, passando, a noite tornou-se madrugada e eu, pela primeira vez, senti-me absorvido pelo silêncio e que alguém, tão tangível quanto o líquido reflexo daquelas pequenas luzes, acompanhava-me naquela noite inesperada.