O PERFUME
Caetano caminhava à margem do rio quando ela passou por ele. Seu perfume ficou impregnado no seu olfato e gravado na mente. Era ela, ele tinha certeza. Olhou para trás e contemplou aquela mulher, ainda jovem e bela. Extremamente bela. Ela continuou seu caminho sem notar nada. Ia rumo à praça da cidade, desprendida de preocupações e de ansiedades.
Caetano, entretanto a observava firmemente. Instantes depois seguiu aquele perfume. Encontrou-a lendo junto à fonte que jorra da praça águas altas. Ouviu alguém chamar seu nome. Ouviu um pouco mais e se foi.
Noite. Lua cheia. Frio. Caetano não dormia com aquela sensação junto ao rio perpetuada em sua alma. Olhou as estrelas e contemplava o céu. Foi ao quarto da mãe, intenso de saudade. Voltou, contemplou uma vez mais o céu e adormeceu.
Dia seguinte. Caetano não foi ao colégio, mas havia saído de mochila. Desceu a rua anterior e caminhou até aquela casa de esquina, longe do centro da cidade. Parou e contemplou seu azul vivo em contraste com as janelas brancas. Linda e admirável. Sentiu o perfume. Rondou a casa e ouviu vozes. Ela estava ao telefone quando ele sentiu aquela fragância tal qual como à margem do rio dia anterior. Entrou pelo portão distraidamente aberto. Próximo à porta da cozinha, ao fundo, no quintal o perfume intensificara. Ele entrava num êxtase profundo. Adentrou ao quarto onde estava a bela mulher que vivia sozinha naquele casarão.
__ Jéssica! Gritou o jovem.
Assustada, ela mal teve tempo de virar-se quando já, punhal em mão, Caetano matou aquela mulher e destruiu aquele perfume. Desde os três anos de idade ele era perseguido por aquele cheiro que nunca mais saira de sua mente. Há quatorze anos ela havia atirado em sua mãe e fugira com seu pai.