Onde Moro (fictício)
Moro no vasto oceano da saudade. Esse não existe no mapa.
É uma herança obscura, propriedade remota inalienável.Totalmente minha.
Lá contemplo seus montes de tristezas, seus lagos de lágrimas que oferecem-me a beber do cálice da recordação.
Bem no centro tem um jardim onde colho variedades de flores: depressão, ilusão, insatisfação, todos em –ão são.
Os bens que lá desfruto não tem nenhum valor.
As ruas são misteriosas, cheias de monstros e animais, os mais extravagantes; prefiro ficar em meu frio quarto.
Tudo isso tem onde eu moro, tudo isso e muito mais: nomes truncados, histórias confusas, coisas sonhadas, que se misturam as vividas ou apenas desejadas.
É difícil explicar como é esse lugar. Ele é o que não é. Seus moradores são todos iguais a mim.
Os montes, os lagos, o jardim, as ruas, os monstros, os animais ... A memória de tudo isso são indeléveis em suas contradições e seus impossíveis.
Não me perguntem como lá cheguei.
Não pretendo dar o endereço, nem mesmo ensinar o caminho.
Bye!