A testemunha
Chegou em casa exausta depois de um dia puxado de trabalho. Jogou a bolsa no chão e jogou seu corpo no sofá. Suspirou suavemente. Levantou-se devagar. Precisava tomar um banho, comer algo. Por instantes, agradeceu por não ser casada. Imagine só...ainda ter que preparar jantar para um marido...Não! Depois, quem sabe, ainda servi-lo mais uma vez na cama. Mas, essa ideia não era tão ruim. Sorriu!
Encaminhou-se para o quarto. Enquanto tirava as roupas, voltou no tempo e se lembrou da última vez que fizera sexo. Seu último namorado era um viciado, não pensava em outra coisa. No começo era maravilhoso, mas depois que percebeu que ele só tinha aquilo para lhe oferecer, resolveu terminar tudo.
Às vezes sentia falta da virilidade dele sempre a postos, derrubando-a no tapete da sala, no chão da cozinha, na hora do banho, onde desse vontade. Mas, foi a única coisa dele que deixou saudades. O único assunto que ele gostava, além de sexo, era futebol. E ela odiava futebol, desde que, fora abandonada na igreja no dia de seu casamento por causa de uma partida de futebol...mas isso já é outra história!
Debaixo do chuveiro, sentia a água percorrendo seu corpo e, num suspiro, desejou que fossem as mãos dele. Um ano sem sexo! Não era adepta do sexo solitário e não queria um sexo casual.
Enquanto suas mãos deslizavam pelo seu corpo, sentiu uma vontade de fazer sexo, como se aquele fosse o último dia de sua vida. A água gelada que caia do chuveiro parecia lava de vulcão quando tocava em seu corpo.
E, entregou-se ao instinto, dando prazer a si própria. No final de tudo, ainda em transe, num longo suspiro, abriu os olhos. Foi então que o viu ali parado à sua frente, com um sorriso malicioso.
Não o conhecia! Teve vontade de gritar, mas o grito ficou preso na garganta, tamanha era a vergonha que estava sentindo. Um desconhecido havia testemunhado seu momento mais íntimo e solitário. Isso era até mais grave do que descobrir quem era aquele estranho e o que ele estava fazendo em sua casa.
Deu um passo à frente e cobriu-se rapidamente com a toalha. E antes que pudesse perguntar alguma coisa, percebeu detalhes até então não observados: ele usava luvas, uma toca e tinha nas mãos uma ferramenta. Não foi difícil concluir que se tratava de um ladrão!
Por segundos, esqueceu-se do que ele havia presenciado e um pavor tomou-lhe completamente a alma. Seu corpo tremia, imaginando o que ele poderia fazer com ela.
Foi então que aconteceu o inesperado: ele se aproximou e envolveu sua cintura com um dos braços, dando-lhe um longo beijo, a princípio rejeitado, mas, depois, correspondido.
Em um silêncio animalesco, os dois encaixaram seus corpos até o momento final de prazer.
Depois ele vestiu a roupa e foi embora sem dizer palavra, deixando-a cheia de enigmas para resolver.
Apesar de tudo, sentia-se plena. Aos poucos, foi se dando conta da situação e fez uma breve investigação pela casa, tentando descobrir o que eu faltava. Viu o telefone e resolveu ligar para a polícia e relatar o ocorrido.
Uma hora depois, dois policiais chegaram à sua casa e começaram um interrogatório sem fim. Ao término, pediram que ela fizesse uma lista do que havia sido roubado pelo ladrão. Pegou um papel e uma caneta e rabiscou alguma coisa. Mas, não entregou aos policiais, alegando que o que fora roubado não tinha valor.
Os policiais foram embora e ela desabou no sofá com o papel rabiscado em uma das mãos. Olhou-o atônita e não acreditou que havia desenhado um coração!