APRENDENDO COM A DOR
Era final do ano letivo e três meninos se dirigiam para a escola.
Nesse dia os três deveriam apresentar seus trabalhos de ciências para toda a turma e, evidentemente, para o professor. O melhor dos três trabalhos apresentados teria uma avaliação especial que garantiria a aprovação do aluno, já que suas notas não eram nada boas. Assim os meninos entenderam.
Os três levavam o material da apresentação embrulhado para só mostrar no momento certo. Estavam tensos, pois pensavam que dois seriam reprovados. Na verdade, o professor, muito justo, pretendia aprovar os três, caso os trabalhos fossem bons.
- Sobre qual assunto é o seu trabalho? – Perguntou um deles.
- Só posso dizer que é o melhor trabalho de ciências já apresentado em nossa escola. Com a minha apresentação, vou colocar vocês no bolso! Inclusive o nosso professor de ciências. – Respondeu orgulhoso, arrogante.
(O orgulho, um dos mais terríveis sentimentos negativos, faz com que a pessoa o confunda com sua autoestima. Ele é a porta de entrada para um grande número de sentimentos negativos, tais como a cobiça, a ira e a inveja).
Os outros dois meninos, também portadores de grandes e inaceitáveis defeitos, olharam-no com cara de desdém.
- Por que essas caras?!... O meu trabalho será o melhor mesmo, não adianta fazer cara feia. – Riu, satisfeito com suas próprias palavras.
- Pois tenho certeza que o meu é melhor do que o seu. Ficou tão lindo, tão colorido!... Garanto que vou arrasar, pois ficou lindo demais! – Disse o 2º menino, cheio de vaidade.
(A vaidade abre uma fenda moral causando a infelicidade. Leva a pessoa a procurar posições elevadas na sociedade, mas não o faz com responsabilidade, seriedade, mas para aparecer. O vaidoso valoriza muito a vitória aparente no mundo, mesmo que isso lhe traga a infelicidade. Uma pessoa vaidosa pode ser gananciosa, por querer obter algo valioso, só para causar inveja aos outros).
O terceiro menino e menos inteligente, nada dizia, pois sabia que o seu trabalho não iria convencer o professor. E por isso já tramava alguma coisa que pudesse acabar com a alegria dos dois colegas.
- E você, por que não diz nada?... O que preparou para apresentar? – Perguntou um deles.
- O resultado de tudo isso, prefiro que vejam depois. – Respondeu maquiavélico. Já tinha em mente o que fazer para conseguir ser o vencedor. Seu egoísmo era tanto que pretendia roubar os trabalhos dos colegas para que não pudessem apresentar. E ele seria o vencedor, pois não teria concorrentes.
(O egoísmo é o causador de grande parte das misérias deste mundo. Faz com que o ser humano pense só em si mesmo, esquecendo os outros. Faz com que recorra a tudo, até meios imorais, para conseguir o que deseja, julgando-se melhor que os outros e não se importando com os prejuízos alheios).
Chegaram à escola em silêncio. Deixaram seus trabalhos na sala de aula e saíram. O menino egoísta não perdeu tempo. Voltou e deu um sumiço nos trabalhos dos colegas.
A turma entrou juntamente com o professor de ciências.
- Meninos, vamos começar as apresentações dos trabalhos. Quem começa?
Os colegas prejudicados perderam o chão ao verem que seus trabalhos não estavam ali.
- Ei, cadê o meu trabalho? – Quase gritou o orgulhoso.
- O meu também sumiu! – Quase gritou o vaidoso.
- Mas o meu está aqui e vou apresentar agora. – Sorriu maldosamente o egoísta, sentindo-se vitorioso.
Depois da péssima apresentação do menino egoísta, o professor sentenciou muito triste:
- Bem... infelizmente os três estão reprovados, pois dois não trouxeram o trabalho e o outro fez um trabalho displicente, com erros e lacunas. Foram irresponsáveis e não conseguiram sair da nota vermelha. Sinto muito e espero que aprendam a lição.
(Julieta Bossois)
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“O egoísmo, o orgulho, a vaidade, a ambição, a cupidez, o ódio, a inveja, o ciúme, a maledicência são para a alma, ervas venenosas das quais é preciso a cada dia arrancar algumas hastes, e que têm como contraveneno: a caridade e a humildade”. (Allan Kardec)