Aonde se encontra a beleza.

Era uma vez, em um reino distante uma princesa glamorosa. Ela era muito bonita, tinha olhos cor de mel, a pele corada e seus longos cabelos castanhos claros despertavam a inveja de todas as mulheres do reino.

Um dia cansada de se sentir sozinha, pois era muito exigente, só queria namorar homens belos, príncipes, cavaleiros ou heróis. Pediu para os criados de seu pai, convocar todos os homens solteiros do reino. A princesa iria escolher o homem de maior beleza para ser o seu namorado.

Todos os rapazes do reino se apresentaram no castelo, cada um deles traziam esperança, sonhos e o anseio de ser o escolhido. Porém, um a um, os pretendentes foram dispensados sem nenhuma consideração. No seu julgamento nenhum homem daquele reino era belo o bastante para ser o seu namorado.

Alguns dias depois, a linda princesa ouviu dizer que o rei Tobias que governa um reino distante do seu também havia convocado mulheres de todos os cantos do mundo. Entre uma delas, o rei escolheria a sua rainha. A princesa não pensou duas vezes e partiu rumo ao reino do rei Tobias.

Quando chegou aos portões do castelo percebeu uma enorme fila de mulheres, uma mais linda do que a outra. Pensou: “ Um rei tão belo como Tobias, seria lógico despertar tantas paixões assim.”

Com o passar das horas o dia se despediu com um lindo por sol. E com chegar da noite a princesa glamorosa se apresentou ao rei Tobias. Ela entrou na sala do trono, fitou o rosto dele e com sua voz suave disse:

_ Vossa Majestade _ prestou saudações para o rei. Inclinou o tronco para frente e flexionou os joelhos_ venho de muito longe para...

Impaciente o rei Tobias ordenou para o seu subalterno:

_ Chamem outra candidata! _ o rei não demonstrou nenhum sentimento.

Entristecida a princesa retorna para sua casa. Com o coração e o orgulho partido decidiu ir andando. A noite era intensa, não havia estrelas e nem luar. Mesmo assim, caminhava em uma estrada de terra batida. Sua cabeça fervia em mil pensamentos. “Como um homem tão belo, feito o rei, seria ao mesmo tempo um sujeito frio e cruel?” pensou ela. Nesse momento sentiu o peso da humilhação e da decepção. Compartilhou os mesmos sentimentos dos homens, que ela mesma havia dispensado dias atrás.

No meio do caminho uma forte tempestade desabou sobre sua cabeça. Toda encharcada sentia dificuldades em caminhar. Foi quando ouviu ruídos se aproximando, olhou para trás e visualizou uma caravana que vinha em sua direção. Sem pestanejar a princesa, notou que aquela caravana era do rei Tobias. Ficou muito feliz quando avistou a carruagem real rodeada por cavaleiros. “O rei se arrependeu e veio pedir a minha mão em casamento” pensou a pobre coitada toda molhada.

Entretanto, a carruagem passou diante dela em um piscar de olhos. Aliás, houve tempo suficiente para que a princesa notasse a presença da mulher eleita pelo rei.

Abatida e castigada pela tempestade, ela continuou no martírio rumo ao seu lar. Mas foi surpreendida com aproximação de um mendigo. Ele usava as vestes simples com remendos feito a mão. Seu rosto mirrado e com uma longa barba negra, trazia as marcas de sofrimento e do abandono. Carinhosamente ele ofereceu a sua capa para protegê-la da chuva.

_Linda senhorita_ disse ele entregando-lhe uma capa marrom _ Vista isto, se não vai ficar doente_ ele sorriu _ Não é seguro para uma mulher caminhar por essas bandas à noite. Diga-me aonde vai que escoltarei o seu caminho.

A princesa entristecida fitou a face ressequida do mendigo, notou que ele nem de longe era tão belo como o rei Tobias. Porém, admirou o seu sorriso, seu jeito carinhoso para com ela. E sem medo algum ou receio, aceitou a proposta ousada daquele mendicante.

Depois de alguns dias os dois chegaram diante dos portões do castelo, o doce lar da princesa glamorosa. Ela estava toda despenteada, com suas vestes rasgadas, cheirava mal e nesse estado, nenhum homem do reino mirou a sua face. Tinha apenas a companhia do simpático andarilho. Eles conversaram muito pouco durante o percurso, mas nessa altura o mendigo já sabia que aquela linha mulher, era a filha do rei. Curioso ele tomou coragem e perguntou a ela:

_ Me perdoe à ousadia Princesa, mas o que uma mulher tão linda fazia distante de seu castelo?

_ Estava à procura da beleza. _ respondeu ela fitando a longa barba negra do mendigo.

_ E a princesa, encontrou?_ o mendigo ficou ainda mais curioso.

A princesa percebeu que o mendigo tinha um rosto jovial, apenas a sua longa barba negra denunciava a visão de um homem endurecido pelos problemas da vida. Foi quando, começou a perceber que a beleza que tanto procurava, na verdade, não era aparente na forma física, mas sim, em um sorriso, em um carinho, no ato de bondade, na capacidade de compreender, na educação, no companheirismo e no respeito. Todas essas qualidades estavam presentes naquele pedinte. Por fim, ela entendeu que a beleza está presente em um gesto concreto de amor e que havia encontrado a beleza e o inicio do que poderia se tornar um grande amor, escondido atrás da barba de um mendigo.

_ Sim. _ ela concordou abrindo um longo sorriso. Depois segurou na mão calejada do mendigo_ Conte-me sobre os seus sonhos, me diga sobre as suas verdades, quero saber mais sobre a sua vida._ Surpreso o mendigo aceitou o convite inesperado.

Juntos e contrariando todas as regras da época. Princesa e mendigo caminhavam nos jardins do castelo, de mãos dadas e com os corações entrelaçados. Um ouvindo a história do outro, se entendendo no sentindo mais puro e humano. O rei quando presenciou a cena, gargalhou bem alto e disse:

_ Foi preciso um mendigo ensinar uma princesa, a entender que a beleza é apenas consequência do amor de verdade.

Jeferson S Barbosa
Enviado por Jeferson S Barbosa em 24/11/2013
Código do texto: T4584642
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