O menino que nunca dormia: procissão dos sonhos...
Certa tarde, o menino que nunca dormia sentiu a voz se acorrentar e uma tempestade turvar o seu olhar; naquele dia carregava o mundo inteiro nas costas, li-te-ral-men-te!
Então rapidamente, e de relance, o menino que nunca dormia viu passar voando um elefante! E um peixe que soltava gostosas bolhas gargalhadas, e mais outros logo atrás, sorriam tanto e um pouco mais. E viu também correr um cachorro que voava para trás, quase a se afogar de costas num mar de lindas rosas, e um analista no divã com meias brancas e calças curtas de lã, e um palhaço bem engraçado sem nariz de palhaço, e uma boca bem aberta cheia de dentes, com bochechas rechonchudas e um riso banguelo bem contente, e uma bola de sorvete bem gelada e derretida, apressados e felizes...
Mas, cegou-se um flash! De repente alguém do nada fotografava; e com voz bem forte e alta ainda (lá) por cima gargalhava! Choveu. Gotas grossas, pedaços de nuvens e risadas. Então o menino que nunca dormia, bem escondido que estava, chorou fora todas as mágoas, e as nuvens apressadas com as correntes foram le[a]vadas...
Veio alívio e vento fresco, e o mundo coração parecia não ter mais peso; restou ao menino que nunca dormia rir (e riu), e namorar as estrelas, que não pa-ra-vam de piscar...