O lenço Carmesim
Ao acordar no meio da noite silenciosa, ainda com os olhos cansados do dia exaustivo, levantei. O sono e seu deus haviam simplesmente esquecido de mim. Andei vagarosamente até a janela entreaberta cujas cortinas dançavam ao ritmo da brisa agradável de outubro.
No apreciar da bela noite sem luar, meus olhos perderam-se pela escuridão ilustrada. O momento era como se eu estivesse dormindo, fingindo sonhar acordada.
Num piscar de olhos, ao longe, um brilho acenou no horizonte, distante, movimentando-se rítmico, prendendo minha atenção, ‘’não deve ser nada’’ pensei.
Em uma fração de segundos, tive uma surpresa. Embaixo da sacada florida de lírios brancos, um músico tocava seu violino.
Seduzida pela canção, não somente por ela eu confesso, não devo desprezar a beleza do músico. Desci as escadas correndo descalça, a melodia do violino envolvia-me num véu iluminado, e minha face já sorrindo mandou adeus a tristeza.
Ah! E que som era aquele que purificava a alma, livrando-me de todo os males. Fazia-me crer na simplicidade da vida, sem complicações, sem exageros.
Eu dançava com o músico entre as estrelas!
Percebi que um lenço carmesim adornava seus negros cabelos, logo ele tirou o lenço e enrolou em meu pulso, deu-me as mãos convidando para um baile florestal.
Depois vieram os raios solares brotando no céu de outubro e ao abrir meus olhos, já não mais cansados, perguntei ‘’e o músico?’’, perguntei às paredes, ‘’fora um sonho’’ responderam.
Mas ao pé da cama, no chão de veludo vi o lenço carmesim, sorri aos cantos com o lenço nas mãos e então todo o bosque repetia a canção.
''Relapsos de sonho e realidade''