AO QUE NOS LEVA O AMOR

AO QUE NOS LEVA O AMOR

Marcial Salaverry

Nem sempre histórias de amor tem um final feliz.

Duas pessoas conhecem-se. Descobrem que se amam, e fazem uma vida em comum.

No princípio, tudo corre bem. A vida transcorre normalmente, como acontece quando existe reciprocidade no amor.

Assim aconteceu com Alberta e Cármino. Foi um típico caso de “almas gêmeas”. Aquele amor descoberto ao primeiro olhar, ao primeiro beijo.

Tudo parecia indicar que seria um típico caso de “...e viveram felizes para sempre...”

Algo no entanto aconteceu após alguns anos de convivência. Cármino, por sabe-se lá quais razões, resolveu experimentar cocaína, induzido por falsos amigos, que mostraram para ele o falso mundo das drogas.

A ilusão de que os problemas desaparecem, e que uma cheiradinha iria conduzi-lo a um mundo de sonhos... Ele estava meio aborrecido com a rotina da vida conjugal, com a mesmice de todos os dias, e queria experimentar novas emoções. Encontrou-as.

No princípio, ele usava só um pouquinho, quando estava com os amigos, e fazia algumas farrinhas, levado pelo embalo da euforia que lhe trazia o “pozinho mágico.”

Quando Alberta descobriu, desesperou-se, e tentou induzi-lo a não mais usar a droga. Ele prometia não mais faze-lo, mas o vício já dominava seu organismo.

E sempre acontecia aquela, que

“seria a última vez”,

Última vez essa sempre adiada.

E Alberta desesperava-se vendo que o grande amor de sua vida não tinha forças para reagir.

Seu coração sangrava de dor por sentir-se impotente ante a desgraça que se abatera em sua vida.

E tentava usar a força do amor para convencer Cármino a deixar as drogas.

Mas sua luta era infrutífera, e sofria ao ver que ele mais e mais se afundava no mundo das drogas.

Aos poucos, a “cafungada” já não lhe bastava. Seu organismo viciado exigia mais. Os amigos ofereceram-lhe a droga injetável, e o ensinaram a usar.

Alberta sentiu que perdera a luta. Seu amor embarcava em uma viagem para um poço sem fundo.

Chegando a esse ponto, seria o principio do fim. Não teria mais volta.

Cármino queria sempre mais, e destruiu sua vida.

Alberta tentou de tudo, em nome de seu amor.

Internou-o para tratamento.

Sempre que deixava uma clínica, ele ficava um tempinho fora das drogas, mas não resistia ao apelo do vício, e descia cada vez mais.

Alberta terminou por desistir de tentar consertar, e não conseguiu mais viver na ilusão de que ele um dia abandonaria o vício, e o internou numa clínica da qual ele só sairia totalmente curado.

E nessa esperança, apenas desejava que ele se curasse, ou que permanecesse pelo tempo que fosse necessário nessa clínica. Mas o vício havia vencido mesmo a batalha. Ele não regia mais ao tratamento, e queria de qualquer maneira sair da clínica, para voltar à droga.

E tentava convencer os médicos de que já estava bom. Mas não os conseguia iludir.

Vendo que não conseguiria a “alta” que lhe permitiria voltar para a rua, Cármino resolveu fugir da clínica, em mais uma batalha vencida pela droga.

Assim são as coisas... Assim é a vida... É fácil começar a usar a droga... Mas deixa-la, exige mais do que a ajuda das pessoas que o amam. Exige uma força de vontade calcada no amor à vida.

É uma decisão que precisa ser tomada pelo principal interessado. E nem todos, infelizmente, tem essa força de vontade.

Cármino foi um desses. Qual será seu fim? Não é difícil sabe-lo.

Alberta, movida pelo amor, fez sua parte. Tentou salvá-lo, fazendo tudo o que lhe foi possivel, e também o que parecia impossivel.

Ainda o ama.

E sofre sabendo-o perdido, trilhando o caminho que escolheu.

E amavam-se tanto... Poderiam viver "felizes para sempre"... Mas...

Marcial Salaverry
Enviado por Marcial Salaverry em 25/08/2005
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