o conselho ( parte um )

O amor faz a diferença, mas é o dinheiro é que o mantém de pé... quem dizia isso era João das Cabaças,

Um contador de historias, que fica nas redondezas da vila, tomado a cachaça. Uma bêbado, sim, um bêbado, mas desses que não perde as estribeira e não se entrega a idiotia.

Já foi rico, assim, dizem, Nunca soube, rico quanto, mas como dinheiro e cultura parece andar de mãos dadas, é possível que das

Cabaças tenha sido , em algum momento, homem de posses. Não anda bem vestido como os fazendeiros daqui,

Não tem um palitó de corte bem feito como os de Antonio dias, nem os sapatos lustrados de coro bem tratado, vindo de itabuna, como os dia feliciano de almeida, mas dá gosto de ouvir o diabo falando, e se não anda nas nuvens da fineza , na lama com os miseráveis, essa nunca frequentou, porque esse traços, mesmo que sujeito negue,

Lhe sai pelas ventas, ou pela balançar das pernas. Já vi o que a pobreza faz com um sujeito, enverga igual uma vara de bambu. A humilhação consome por dentro, como se fosse um veneno proibido

Aos olhos dos outros. Devido a essa coerência na fala desse homem que resolvi procurá-lo, sem dúvida, era o homem mais sábio da regia, sabia da vida pela experiência. Não era como uns mequetrefe

Que decorava a fala com frases prontas, mais pra ser superior do que pra mostrar a pessoa que é...

Acontece que eu estava passando por um momento dificultoso na minha vida. fazia uns tempos que desconfiava da minha mulher ela já não me aceitava mais, e mesmo assim, digo, e mesmo assim eu digo , não perdia o viço da carne, como já vi muitas vezes, acontecer com as mulheres que não se deitam mais com os homens. Ou porque ficaram feias e gordas, ou porque o peso da moral lhe jogavam num labirinto e perdia o amor pelo próprio corpo,

Pela primeira vez vi, claramente, que me faltava conhecimento dessa

Magnitude, pois eu tinha o controle, tinha força, e minha palavra pesava como um talho de ferro. Já mandei gente seguir ela, já encurralei na parede, já fui até numa benzedeira. Uma mulher quando moço, me disse: que homem cheio de raiva deixa o ar poluído e espanta as mulheres. E de nada adiantou, nada dizia que

Existia alguma caboclo beirando as minha terras...se fosse isso, talvez, me fosse fácil, saberia como agir, mandaria o sacana para uma cova, e ela eu levaria de volta pro interior e largava lá.

Sem minha atenção e seu jeito fica naquela formosura, que importância tenho pra ela, se distante de meus braços, está cada vez mais bonita, cada vez mais sortida. E foi isso, esse questão do amor

Que me fez procurar zé das cabaças, alguma coisa em dizia que

Ele sabia das respostas, me diria o que está acontecendo com Anita.

Peguei um jeep logo cedo, e fui a casa de macedo. Expliquei pra ele

Que queria falar com joao das cabaças, mas que fosse fora da cidade, pois o assunto era importante, que ele fizesse esse favor que a recompensa lhe seria boa. E assim foi feito, na segunda-feira,

Pela final da tarde, me rumei para macarani, local marcado. Assim

Que entrei no sítio, la estava joao das cabaças, fumando seu cigarro,

E tomando um café, que dona marilena acabou de preparar.

- Bom dia, Dona Marilene

- Bom dia seu Coutinho,

- Como anda os meninos

- Tá bem, José que não esteve bem,

- O que houve,

- Essas gripes braba, mas já ta se inteirando de novo

- E o senhor, seu João, como está,

- Tudo bem seu coutinho, supreso com o seu convite

- É coisa que não deve demorar, não quero tomar muito tempo

- Tire a tarde pra isso, de modo que, comigo não deve se preocupar..

- O que o senhor está sabendo,

- Quase nada, somente que o senhor queria fechar uns assuntos

Que precisava da minha ajuda, não sei o que um homem como eu

Pode auxiliar um homem rico como o senhor, mas me agrada pensar que o que senhor me pensa útil,

- sim, tanto lhe penso útil como tenho certeza que essa conversa

vai ficar entre nós

- que isso, seu continho, esse tipo de coisa não precisa me preocupar, conversa de homem morre no meio da manga

- pois assim bem. Quer tomar uma cachacinha

- ai o senhor pega no meu fraco, aceito sim, é bom pra abrir a apetite

- dona marilenta está preparando uma costeleta assada, que é uma das mais gostosas que já comi..

- então tomaremos a cachaça,

- mas vamos conversar na mesa da estrada, tem uma sombra boa

e tem vista pro rio, com essa chuvarada que deu, me alegra muito contemplar

- com certeza, a chuva quando precisa, traz sempre uma nova esperança. Mas estou muito curioso pra saber que assunto tão serio é esse, que não podia ser falado na cidade

- sabe como é, seu Antonio, o povo tem uma lingua que dá nojo,

- isso é sim, já ouvi gente destruir a reputação de uma pessoa, usando mentira e fofoca,

- então sabe do que estou falando,

- sei sim, pode ficar tranquilo,

- e o dinheiro que vou dar pro senhor é tanto pelo conselhor, e mais ainda pelo discrição,

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Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 02/10/2013
Reeditado em 02/10/2013
Código do texto: T4508015
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