Cigano Hiago
Estendidas à sua frente, mãos de traço fino se fazem ansiosas por suas palavras. As linhas entrelaçadas têm muito a lhe dizer; muito a lhe mostrar. Cada linha representa um caminho e um ponto singular da vida do consulente. Ao olhá-las, um portal atemporal é aberto em sua percepção e, assim, tudo vem à tona.
O consulente, curioso e ansioso, lhe faz indagações sobre seus caminhos amorosos e vida financeira. Mas suas perguntas nem mesmo são ouvidas pelo jovem cigano que, absorto na obtenção de suas visões, fica alheio a tudo mais que lhe rodeia.
Mirando os olhos daquele homem, Hiago passa a conhecer seus desejos mais íntimos e o teor de seu caráter. Ao enxergar tudo o que as mãos e os olhos têm a lhe dizer, as palavras começam a fluir num ritmo acelerado e contínuo.
O homem à sua frente, alto e forte, sente as lágrimas descerem pelo seu rosto ao ouvir o carrilhão de palavras ditas pelo cigano. Seu estado de saúde é revelado. Dores e obstáculos vividos em um passado não distante lhe são lembrados. Mas quanto ao futuro, apenas um pequeno vislumbre das possibilidades conseqüentes de suas escolhas futuras.
Terminada a consulta, o homem fez seu pagamento, lhe agradeceu e seguiu viagem, satisfeito e animado com tudo o que acabara de ouvir.
Observando o homem se distanciar na estrada, Hiago dá um belo gole em seu vinho e degusta uma maçã de suas provisões, preparadas para suas andanças diárias.
O sol está se pondo, já é hora de levantar o acampamento e voltar à caravana, onde seu povo o aguarda para iniciar os rituais de vínculo e consagração da força Cigana à Natureza.
A caravana está agitada em ânimos de alegria e ansiedade, pois este período ritualístico representa o elo de ascenção espiritual perante seu povo. Boa parte das mulheres passaram o dia preparando as bebidas e alimentos a serem consumidos durante a noite. Os homens buscaram madeiras, ergueram as tendas, montaram os altares e afinaram seus instrumentos. As crianças, acompanhadas pelas matriarcas, tiveram como tarefa a busca e preparação dos elementos a serem utilizados.
Assim, o dia se passou e a grande caravana Cigana já estava pronta para o que viria a seguir.
Já era noite quando Hiago chegou à Caravana. Acompanhado de Miro, um cigano alto, corpulento e de forte presença. Com bandana e tunica douradas se destacando em meio a escuridão. Sua calça marrom combina com a cor de sua pele escura. A voz de Miro soa grossa e potente, e faz ainda mais marcante e séria a sua presença.
Miro sempre age como um grande guardião de Hiago, sendo companheiro em suas viágens e caminhadas. São grandes amigos, embora de personalidades totalmente diferentes. Sempre sorridente, Hiago passa o ar de simpatia a todos os que lhe falam. Seu olhar intrigante passa uma confiabilidade fora do comum, por isso é querido por todos e considerado um sábio, embora jovem.
Atravessaram todo o local e foram diretamente ao centro do acampamento, onde a grande fogueira verde queimava e iluminava tudo ao seu redor. Miro parou à certa distância, enquanto Hiago chegava bem perto do fogaréu murmurando palávras inaudíveis, balbuciadas com agilidade e precisão.
Concentrado e com o olhar fixo nas brasas, ao centro do fogo, Hiago pode ver novamente o que o universo tinha a lhe mostrar. Num instante, cenas e mais cenas começaram a rodear sua mente. Os elementos, os símbolos, melodias, e sequências; estavam agora em seu domínio de conhecimento. Ele já sabia o que fazer.
Com seu punhal, o jovem cigano riscou um grande hexagrama no chão em volta da foqueira, de modo que esta ficasse no centro. Todas as pontas foram ligadas da mesma forma, delimitando o local. Símbolos e mais símbolos foram entalhados simetricamente, e então estava pronto.
O consulente, curioso e ansioso, lhe faz indagações sobre seus caminhos amorosos e vida financeira. Mas suas perguntas nem mesmo são ouvidas pelo jovem cigano que, absorto na obtenção de suas visões, fica alheio a tudo mais que lhe rodeia.
Mirando os olhos daquele homem, Hiago passa a conhecer seus desejos mais íntimos e o teor de seu caráter. Ao enxergar tudo o que as mãos e os olhos têm a lhe dizer, as palavras começam a fluir num ritmo acelerado e contínuo.
O homem à sua frente, alto e forte, sente as lágrimas descerem pelo seu rosto ao ouvir o carrilhão de palavras ditas pelo cigano. Seu estado de saúde é revelado. Dores e obstáculos vividos em um passado não distante lhe são lembrados. Mas quanto ao futuro, apenas um pequeno vislumbre das possibilidades conseqüentes de suas escolhas futuras.
Terminada a consulta, o homem fez seu pagamento, lhe agradeceu e seguiu viagem, satisfeito e animado com tudo o que acabara de ouvir.
Observando o homem se distanciar na estrada, Hiago dá um belo gole em seu vinho e degusta uma maçã de suas provisões, preparadas para suas andanças diárias.
O sol está se pondo, já é hora de levantar o acampamento e voltar à caravana, onde seu povo o aguarda para iniciar os rituais de vínculo e consagração da força Cigana à Natureza.
A caravana está agitada em ânimos de alegria e ansiedade, pois este período ritualístico representa o elo de ascenção espiritual perante seu povo. Boa parte das mulheres passaram o dia preparando as bebidas e alimentos a serem consumidos durante a noite. Os homens buscaram madeiras, ergueram as tendas, montaram os altares e afinaram seus instrumentos. As crianças, acompanhadas pelas matriarcas, tiveram como tarefa a busca e preparação dos elementos a serem utilizados.
Assim, o dia se passou e a grande caravana Cigana já estava pronta para o que viria a seguir.
Já era noite quando Hiago chegou à Caravana. Acompanhado de Miro, um cigano alto, corpulento e de forte presença. Com bandana e tunica douradas se destacando em meio a escuridão. Sua calça marrom combina com a cor de sua pele escura. A voz de Miro soa grossa e potente, e faz ainda mais marcante e séria a sua presença.
Miro sempre age como um grande guardião de Hiago, sendo companheiro em suas viágens e caminhadas. São grandes amigos, embora de personalidades totalmente diferentes. Sempre sorridente, Hiago passa o ar de simpatia a todos os que lhe falam. Seu olhar intrigante passa uma confiabilidade fora do comum, por isso é querido por todos e considerado um sábio, embora jovem.
Atravessaram todo o local e foram diretamente ao centro do acampamento, onde a grande fogueira verde queimava e iluminava tudo ao seu redor. Miro parou à certa distância, enquanto Hiago chegava bem perto do fogaréu murmurando palávras inaudíveis, balbuciadas com agilidade e precisão.
Concentrado e com o olhar fixo nas brasas, ao centro do fogo, Hiago pode ver novamente o que o universo tinha a lhe mostrar. Num instante, cenas e mais cenas começaram a rodear sua mente. Os elementos, os símbolos, melodias, e sequências; estavam agora em seu domínio de conhecimento. Ele já sabia o que fazer.
Com seu punhal, o jovem cigano riscou um grande hexagrama no chão em volta da foqueira, de modo que esta ficasse no centro. Todas as pontas foram ligadas da mesma forma, delimitando o local. Símbolos e mais símbolos foram entalhados simetricamente, e então estava pronto.
Com a ajuda de Miro, dispôs vasos de barro em cada ponta do hexagrama; cada qual representando a um elemento distinto: Água, terra, fogo, ar, vinho e sementes secas de variados tipos. Da mesma forma, pequenos tapetes coloridos e almofadas foram colocados à frente dos vasos. Terminada a preparação do ambiente, Miro e Hiago se sentaram cada qual em uma ponta.
Todos os ciganos foram chegando, e logo a roda estava formada.
Outras quatro presenças adentraram os limites da fogueira, reverenciando aos dois ciganos já presentes e sentando-se em seus respectivos lugares. Carmencita, Iris, Natasha e Wladimir.
Carmencita, a mais velha entre as mulheres, está radiante com seu vestido azul em detalhes dourados. Um colar com pedras coloridas adorna seu pescoço. Brincos e pulseiras de ouro brilham em seu corpo. Sempre carrega consigo o seu pandeiro com fitas coloridas.
Iris possui um imenso encanto em seu olhar, que esbanja sensualidade. Sua saia vermelha e um corpete repleto de moedas douradas se ajustam como luva em seu belo corpo. Traz consigo o Tarot cigano e a pedra 'Olho de tigre'.
Natasha, com a pureza transbordando em sua face, enternece a qualquer um que se ponha à sua frente. Está Vestida em um lindo vestido branco mesclado em tons suaves de amarelo, lilás, vermelho e azul. O som de sua voz é rico em melodia. E sempre está acompanhada de um vasilhame com água pura colhida em rios de água corrente.
Por fim, o grande e forte Wladmir. Com sua túnica dourada e meio aberta no peito, trazendo um semblante maduro. É um dos mais velhos entre os homens. E sua palavra, assim como a de Hiago é bem ouvida e aceita entre todos.
Assim, os três homens e as três mulheres bateram suas palmas simultaneamente. E Lentamente, um violino começou a tocar suave melodia, silenciando os espectadores ao redor da fogueira.
Hiago acendeu uma de suas cigarrilhas e se serviu de uma boa taça de vinho, inspirando e apreciando o perfume dos incensos de sândalo espalhados por todo o ambiente. A serenidade se apoderou de sua mente e, calmamente, passou a observar cada um dos ciganos presentes.
Inspirada, Natasha se levantou e começou a cantar com sua voz melodiosa e angelical, fazendo par ao violino que agora a acompanhava. Conforme cantava, seu corpo se movimentava ao redor da fogueira em perfeita sincronia ao rítmo da melodia, calma e suave.
Miro e Wladimir pegaram suas flautas e as introduziram no contexto da melodia, que ganhava vida e energia a cada nota, cada tom. À medida do tempo, a melodia foi acelerando seu rítmo. Agora Iris, Carmencita e Natasha dançavam em círculo, em volta das chamas verdes.
Terminada a melodia, todos voltaram e sentaram em seus respectivos lugares. Assim, poderiam começar o ritual.
Hiago, com os olhos fechados e introspecto em concentração, entoa o mantra ritualístico em sua língua antiga, originada da junção de diversos dialetos.
- Ankoro maktub anse keri delerai ksara apprenent.
Todos os outros passaram a repetir as palavras continuamente, com a mesma concentração do Jovem Cigano. Após alguns minutos neste processo, as Chamas verdes da fogueira se agitaram e uma linha de fogo riscou o ar acima de todos com os mesmos símbolos que estavam expostos ao chão. Formando uma grande estrela de seis pontas pairando no ar.
- Ankoro Maktub anse keri delerai ksara apprenent... O Mantra continuava a ser entoado por todo o Clã com a força de suas energias, tornando o ritual possível.
Nas pontas da estrela desenhada ao chão, os elementos contidos dentro dos vasos começaram a sair e fluir em direção ao símbolo flutuante, ligando a ambos como colunas sustentando sua estrutura.
Os seis Ciganos, tomados pela grande energia que os envolviam, começaram a emanar suas auras coloridas e brilhantes. Mesclando a luminosidade do local em uma dança de cores vivas e fortes.
Hiago se levantou e chamou a todos os outros que estavam assistindo ao ritual para entrarem nos limites da fogueira e se maravilharem com aquela vibração espetacular. E assim o fizeram.
Agora, todo o Clã estava fortalecendo o elo entre seu povo, as forças da natureza e espiritualidade. Sentindo o amor e a união de suas famílias, unidas no único propósito da preservação e continuidade dos costumes e crenças que fazem deles os Ciganos que são!