Uma ponte do outro lado das pontes
Fabíola recebeu este nome ao nascer, do seu avô. Esse, dizia ele, seria o nome de uma das minhas filhas...gosto tanto dele...mas, as opiniões divergiram , acharam-no complicado de escrever e dizer, muitas razões (sem razão) foram ditas. Fabíola venceu em nome e nasceu para vencer quase que totalmente.Ela pensa que falta apenas um detalhe de peso e relevante: um companheiro . Veremos a veracidade dessa teimosa e persistente afirmativa.
Hoje ela sabe, viu na Internet o significado do seu nome: "pequena plantadora de favas"...
Pois bem, desde menina Fabíola é encantada por pontes, Quanto mais rústica, mais bela, quanto mais sobre rios, mais natural, quanto mais ladeada por flores aquáticas e salgueiros chorões, mais falante. Do tipo: passa aqui... eu te ofereço tanto... vai conhecer o outro lado... as pontes conversavam com ela em sua imaginação.
A partir dos dezessete anos Fabíola desejava encontrar sua outra metade atravessando uma ponte, porém quando conheceu seu primeiro amor, nem lembrou delas.O amor faz mesmo com que esqueçamos de outros sonhos e passemos a sonhar o sonho do outro – pesaroso engano – Era um amor recíproco, unido e parecido com elos de uma corrente de ouro ( que um dia descascou) e mostrou ser latão disfarçado no áureo e luminoso metal.. Ela refez-se, devolveu o anel (esse, era de ouro) com coragem, porém achando que jamais permitira sequer ser abraçada por um homem e assim ficou por um tempo.
Certa vez, viajando para o interior, após a conclusão do Ginásio, passou por uma ponte até chegar ao seu destino. Ia a pé, Preferiu descer do ônibus. Informaram que o endereço era logo ali, depois da ponte. Seguiu feliz, pensando: se não fosse ela, como as pessoas se encontrariam? Deveria ter outro caminho, mas, se pudesse, gritaria de um alto-falante: Ei! vão pela ponte, venham por aqui! ela é linda, em meia lua, com o rio cantando e flores que dançam; vento que brinca e galhos de árvores bailando. Claro que o povo da cidade, nem ligava. É comum as pessoas que olham e não enxergam; passam por lugares que a beleza e o bucolismo escolheram para exibirem-se mas nada notam. Uma pena...não sabem como um bem-me-quer pode alegrar um rosto triste, ou um canto de bem-te-vi dar novo alento a uma alma rebelde.
De repente... alguém a tinha seguido (soube depois) desde que saiu e entrou no ônibus. Ele a acompanhou, em seu carro e a esperou do outro lado da ponte. Outro amor. Desesperador e apaixonante; enlouquecedor,alucinante, vibrante. . Deram—se um ao outro, ela, pela primeira vez. Jovem, bonita, educada, atualizada,de idéias além do seu tempo, e apoiada pelos pais, mas confiante e segura de seus atos. Desfilava para lojas com vestidos que sonhava ter. Desfilava em concursos de beleza, simpatia, era sempre procurada. Esse amor lhe fazia as vontades, mas... foi uma doença grave, quase incurável. Deixou nódulos n´alma, e uma saudade afiada e cortante. Ele partiu, Fez a grande viagem para um plano mais leve e sutil.
Fabíola passou a ter receio de pontes; um receio que ia desde o atravessar para outro lado, psicologicamente e emocionalmente abalada e até fingir que não as atravessava, desdenhava-as ( as coisas, mesmo inanimadas, sentem-se abandonadas e entristecem e as pontes não são diferentes ) perderam a beleza.
Mas Fabíola era teimosa: quis um emprego difícil e conseguiu; assim era com tudo. Passou por dificuldades financeiras extremas por razões para outro conto e abriu-se para um novo amor, sereno, romântico, tranqüilo, confiável, porém... ele atravessou uma ponte para uma oferta de melhor trabalho.
Por fim havia mais uma ponte a atravessar; um dia, quem sabe, ela pensava. Desse episódio, ela não deu detalhes. Apenas conheceu a humilhação, a perseguição o maltrato com palavras, o engano, a mentira e a traição. Essa ponte ainda existe no meio do caminho; ela não pode derrubá-la, porém dentro de si, fez isto. Pediu desculpas ao leito do rio que ia receber cimento, tijolos, ferro e outros afins; desculpou-se às flores que iriam ser machucadas e colocou em cada extremidade explosivos . E... a explodiu!
Fabíola está feliz. Reescrevo: Hoje ela sabe, viu na Internet o significado do seu nome: "pequena plantadora de favas".. Sim, ela planta favas de palavras carinhosas aos adolescentes, às pessoas adultas tristes por uma perda, aos idosos maltratados, aos viciados em alucinógenos e até aos ladrões. Já teve oportunidade em todos esses casos, para ser uma ponte, também.
A cada dia ou mês, ou ano, ela constrói uma ponte. A cada minuto, conversa, ou desavença ela planta favas. E não se arrepende de nada que fez. Bem poderia, mas, que se arrependam aqueles que se enganaram com ela.
Hoje, não falta nada!
*
Imagem: encontrada no Google
Autoria: não foi possível localizar.
Fabíola recebeu este nome ao nascer, do seu avô. Esse, dizia ele, seria o nome de uma das minhas filhas...gosto tanto dele...mas, as opiniões divergiram , acharam-no complicado de escrever e dizer, muitas razões (sem razão) foram ditas. Fabíola venceu em nome e nasceu para vencer quase que totalmente.Ela pensa que falta apenas um detalhe de peso e relevante: um companheiro . Veremos a veracidade dessa teimosa e persistente afirmativa.
Hoje ela sabe, viu na Internet o significado do seu nome: "pequena plantadora de favas"...
Pois bem, desde menina Fabíola é encantada por pontes, Quanto mais rústica, mais bela, quanto mais sobre rios, mais natural, quanto mais ladeada por flores aquáticas e salgueiros chorões, mais falante. Do tipo: passa aqui... eu te ofereço tanto... vai conhecer o outro lado... as pontes conversavam com ela em sua imaginação.
A partir dos dezessete anos Fabíola desejava encontrar sua outra metade atravessando uma ponte, porém quando conheceu seu primeiro amor, nem lembrou delas.O amor faz mesmo com que esqueçamos de outros sonhos e passemos a sonhar o sonho do outro – pesaroso engano – Era um amor recíproco, unido e parecido com elos de uma corrente de ouro ( que um dia descascou) e mostrou ser latão disfarçado no áureo e luminoso metal.. Ela refez-se, devolveu o anel (esse, era de ouro) com coragem, porém achando que jamais permitira sequer ser abraçada por um homem e assim ficou por um tempo.
Certa vez, viajando para o interior, após a conclusão do Ginásio, passou por uma ponte até chegar ao seu destino. Ia a pé, Preferiu descer do ônibus. Informaram que o endereço era logo ali, depois da ponte. Seguiu feliz, pensando: se não fosse ela, como as pessoas se encontrariam? Deveria ter outro caminho, mas, se pudesse, gritaria de um alto-falante: Ei! vão pela ponte, venham por aqui! ela é linda, em meia lua, com o rio cantando e flores que dançam; vento que brinca e galhos de árvores bailando. Claro que o povo da cidade, nem ligava. É comum as pessoas que olham e não enxergam; passam por lugares que a beleza e o bucolismo escolheram para exibirem-se mas nada notam. Uma pena...não sabem como um bem-me-quer pode alegrar um rosto triste, ou um canto de bem-te-vi dar novo alento a uma alma rebelde.
De repente... alguém a tinha seguido (soube depois) desde que saiu e entrou no ônibus. Ele a acompanhou, em seu carro e a esperou do outro lado da ponte. Outro amor. Desesperador e apaixonante; enlouquecedor,alucinante, vibrante. . Deram—se um ao outro, ela, pela primeira vez. Jovem, bonita, educada, atualizada,de idéias além do seu tempo, e apoiada pelos pais, mas confiante e segura de seus atos. Desfilava para lojas com vestidos que sonhava ter. Desfilava em concursos de beleza, simpatia, era sempre procurada. Esse amor lhe fazia as vontades, mas... foi uma doença grave, quase incurável. Deixou nódulos n´alma, e uma saudade afiada e cortante. Ele partiu, Fez a grande viagem para um plano mais leve e sutil.
Fabíola passou a ter receio de pontes; um receio que ia desde o atravessar para outro lado, psicologicamente e emocionalmente abalada e até fingir que não as atravessava, desdenhava-as ( as coisas, mesmo inanimadas, sentem-se abandonadas e entristecem e as pontes não são diferentes ) perderam a beleza.
Mas Fabíola era teimosa: quis um emprego difícil e conseguiu; assim era com tudo. Passou por dificuldades financeiras extremas por razões para outro conto e abriu-se para um novo amor, sereno, romântico, tranqüilo, confiável, porém... ele atravessou uma ponte para uma oferta de melhor trabalho.
Por fim havia mais uma ponte a atravessar; um dia, quem sabe, ela pensava. Desse episódio, ela não deu detalhes. Apenas conheceu a humilhação, a perseguição o maltrato com palavras, o engano, a mentira e a traição. Essa ponte ainda existe no meio do caminho; ela não pode derrubá-la, porém dentro de si, fez isto. Pediu desculpas ao leito do rio que ia receber cimento, tijolos, ferro e outros afins; desculpou-se às flores que iriam ser machucadas e colocou em cada extremidade explosivos . E... a explodiu!
Fabíola está feliz. Reescrevo: Hoje ela sabe, viu na Internet o significado do seu nome: "pequena plantadora de favas".. Sim, ela planta favas de palavras carinhosas aos adolescentes, às pessoas adultas tristes por uma perda, aos idosos maltratados, aos viciados em alucinógenos e até aos ladrões. Já teve oportunidade em todos esses casos, para ser uma ponte, também.
A cada dia ou mês, ou ano, ela constrói uma ponte. A cada minuto, conversa, ou desavença ela planta favas. E não se arrepende de nada que fez. Bem poderia, mas, que se arrependam aqueles que se enganaram com ela.
Hoje, não falta nada!
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Imagem: encontrada no Google
Autoria: não foi possível localizar.