Violências
Estiquei o braço e agarrei a pele cor de rosa, a carnadura tenra, o cheiro agridoce... Apalpei lentamente as curva quietas; isso - essa passividade, esse abandonar-se - incitou minha exigência e premência.
Usei faca pouco afiada, cheias de minúsculos dentes bem alinhados...os fluidos exsudavam após cada corte como se jamais fossem se extinguir, como se a morte fosse infinita...
Cerrei os olhos e me concentrei no tato, olfato e paladar. Tampouco ouvi gritos, gemidos ou um último suspiro.
Mordi, saboreei, mastiguei e engoli a carne macia e fibrosa, que enganchava nos dentes, cada pedaço daquela alma saudável e pura, inocente, amiga, potencialmente destrutível... alma de anjo.
Os líquidos escorriam pelos cantos da boca, pelos recantos da minha pele toda...
Comi. Fartei-me como serpente no paraíso.
Abri os olhos ao escutar um único protesto: "Cadê a manga jasmim que estava aqui?!"