dinheiro

O viaduto caiu e pegou uns carros, naquele dia era só o que dava na televisão. No bar de seu Antonio todos vidrados na televisão. Havia também um certa ansiedade. É que naquela noite haveria o final do paulistão.

- Dá um café, Rufino.

- Puro?

-sim, puro.

Rufino era um negro que trabalha naquele lugar há muito tempo, não era de falar quase nada, algumas pessoas dizia que ele dava o boga. Então eu conversava com ele com um certo distanciamento...

-pronto, Paulo.

A voz dele era mesmo de quem bogueava.

-obrigado, Rufino

- seu Antonio, vai dá o que hoje?

-acho que dá corinthias, mas precisa arrumar aquele meio-campo, não faz muito seu papel de ligação.

-não sei não...vamos ver...

-quantos morreram?

perguntou carlito que acabara de chegar

- não sabem ainda, mas falam de umas vinte pessoas,

- tem muitos viadutos velhos assim pela cidade,

O que me fazia muito ir no bar de seu Antonio era a garçonete da manhã, Géssica, não era tão Bonita, mas era gostosa. Bem, era bonitinha, mas emanava dela as coisas mais loucas, e eu vivia chamando ela pra sair, tomar uma cerveja, bater um papo. Mas ela vivia, se esquivando, dizendo que era casada. conversinha furada, porque eu sabia de uns podres delas, sabia que ela andava com muitos na bela vista, todos lhe presentes e dinheiro...

coitado do marido. Tenho pena de alguns maridos. Ela saia com o gerente do banco Itaú, grafite que falou, o grandão da cozinha,

Deu a ela muitos presentes, um telefone caro, pagou sua carta de moto e lhe dava semanalmente uma mesadinha. E saia também com o dono da gráfica, que lhe enchia de gorjetas gordas e roupas caras, . Mas eu vivia numa pindaíba que não podia dar nada pra ela.

E foi que inventei um história pra sair com ela. sabia que o négocio dela era dinheiro, que seu coraçãozinho era fechado igual um abacate verde. Tenho um amigo que fala que mulher gosta tanto de dinheiro que isso gera nelas até sentimento verdadeiro. Pensando nisso, não tenho a mínima chance de despertar o interesse de Géssica... o que me salva é que sou bonito, o que nesses tempos de matéria não tem tanto valor assim.

Implantei um boato no bar da esquina, falei sem pretensão nenhuma que havia recebido uma herança, que estava esperando apenas que resolvesse a parte burocrática, que eram varias casas, uma pequena fábrica de saco plástico e uma bolada em promissoras. Que tudo demoraria menos de seis meses pra resolver.

Contei pra Malu, que sabia que era amiga de géssica, pois divesars vezes vi as duas de conchavo no horário da saída...pedi segredo absoluto. Pedir isso a uma fofoqueira é como pedir a uma criança pra não brincar...

E foi que plantei a notícia e fiquei quieto. O diabo que não tinha certeza que daria certo, mas de todo modo, fiz de conta que nada estava acontecendo. Demorei uns quatro dias pra ir no bar de seu Antônio.

No dia que fui levei umas revistas de viagem, coloquei sobre o balcão e pus a olhar aquelas paisagens maravilhosas de salvador, de fortaleza e de tantas outras...

- Géssica, me dá um café, por favor.

- ta pensando em viajar, Paulo?

-sim, faz tempo que não viajo, to pesquisando um lugar bacana,

-pensei que você que não gostasse dessas coisas,

-gosto sim, é que as coisas estão melhorando. Vai dar pra eu fazer algo assim,

-e quando você vai?

- to pensando daqui uns meses, mas antes preciso resolver umas papeladas

-hum, bonita salvador. Nunca fui.

- é linda...precisa conhecer essas coisa,meninas, você imagina como

a gente se sente depois de pisar nesses lugares, ficar em bons hotéis, ir a bons restaurantes...

seus olhos brilhava, não parecia mas a moça indiferente das outras horas,

- bom, linda, preciso ir, acerto o café na hora do almoço,

-ta bom, vem almoçar sim, hoje tem virado a paulista, ta bem gostoso.

- ta, até mais tarde

Percebi na hora que a notícia já tinha chegado ao seus ouvidos, seu jeito comigo havia mudado consideravelmente, me olhava nos olhos e se insinuava levemente sem querer dá na teia...

continua

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 11/09/2013
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