luz zonza

era domingo e o dia não estava pra peixe, precisava ganhar uma grana. fazia tempo que

eu havia me afastado da capetada, mas essa vida de subsistência ta pesando muito. e foi por isso que voltei ao bairro, precisava muito falar com manoca, por que aquele emprego de merda no comércio, mal dava pra comer. primeiro passei no bar do Juca, tomeu uma cachaça e perguntei pelos rapazes. de canto, me disse que alguns estavam preso, e que manoco estava foragido, e que muita coisa mudou. fez fez a coisa certa ter se madado. e ainda perguntei sobre a catarina, um negra de cabelos de tripas que namorei na época dos assaltos. ela está aqui ainda, mas fica muito em casa, engordou. fiquei sabendo que estava com depressão. voltei pra casa atordoado, a velha turma já não existe,como vou fazer pra ganhar grana, aquela pergunta me torrava a cabeça. todo mês a mesma pindaíba. se o nonoca estivesse ainda no esquema, levantaria um dinheiro rápido e cairia fora de novo. e foi com assim que tive a idéia de invadir uma casa no litoral. li uma matéria no jornal que a maior parte dos ricos, deixam as coisas praticamente abandonadas fora de temporada. muita coisa deve ficar lá dando sopa, vai que pego uma coisa grande. arrombar porta é quase meu dilema. só precisava fazer isso,

sem madalena saber, prometi pra ela que nunca mais faria nada de errado. mas viver desse jeito ninguém merece, e foi que inventei que havia uma viagem com pessoal do futebol, que eram apenas dois dias. ela não descofiaria. ela sabia que eu não era do tipo de correr atrás de mulher. e isso pra uma mulher já é muito num homem.

e foi numa quinta feira, que desci a litoral norte. sem plano nenhum, nem sabia direto das casas, endereço. penso que fosse mais uma viagem de reconhecimento. se desse certo, faria uma vez no mês apenas pra reforça o orçamento. cheguei na rodoviária faminto. comi um pão de queijo com café, fumei um cigarro, e dei uma passeada na orla. o dia estava bonito, pensei de como seria morar na beira da praia. a noite estava chegando e precisava praparar meu espírito. andei, juro, de 6 da tarde até mei noite, passava de frente, fazia anotação, notava se tinha luz acesa, se havia cachorro, ou alguma câmera,

anotei tudo numa caderneta, e fazia exercício de imaginação

pra saber como seria o interior das casas, o topo de móvel, se havia joias ou dinheiro. mas nesse brincadeira teve uma casa muito bonita que me chamou atenção, de tijolos nus, janela

clareada, platibanda alta, o portão de madeira nao dava muita resistência, pensei nela, meu coração disparou, as luzes todas apagadas, o medo é bom, pensei, ajuda a ter cuidado. voltei de novo a praia. tomei bem umas quatro cachaças, fumei um cigarro atrás do outro, não pensava que ficaria nervoso assim, antes era como comer, ou tomar banho. vejo que estou destreinado. parece que tudo na vida é assim, deixa de ser uma coisa natural se criamos algum ferrugem. no bar, de luz tonta, havia um prostituta que andava pra lá e cá, de bolsa vermelha. pena está duro, daria uma boa relaxada com essa potranca, nas

mesas jogando pif uns velhos com cara de tristes e uma molecada batendo sinuca no canto. pensei na madalena, já deveria estar deitada, madalena sempre deita esssa hora. talvez estivessse nesse momento me esfregando nela, saudade de madalena. sai do bar mei tonto,com a cabeça zunindo preocado. antes, filosofei, tudo era fácil porque nãot inha nada a perder, agora,madalena, os beijos de madalena.

na frente da casa, olhei longamente para a casa, era bonita, bem bonita, respirei fundo, saltei o muro, cortei a corrente do portão de ferro anterior a porta de madeira, e limei a fechadura. quando finalmente abri a porta, a casa estava fazia, não havia nada, móvel, a luz, e uma solidão que parecia instalada do chão as paredes da casa, fui até a porta do fundo, abri a janela, a coisa bonita era que do quintal avistava uma lua um tanto zonza no firmamento

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 10/09/2013
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