A caminho do rio

A caminho do rio.

Manhã de uma sexta-feira Santa

Lá íamos eu e minha prima Roseni

caminhando por estreitas trilhas barrentas

O mato ainda molhado pelo longo inverno

A roçar irritante entre nossos pés.

Á direção era nossa morada de infância

Á casa velha em frente ao rio, nosso berço

era um tempo onde uma pedrinha branca

Atirada na água dizia-nos coisas belas

E vinha o entardecer iluminando à casa em cima do alto.

Á cada casa que avistávamos lembrávamos seus antigos moradores

Enquanto o lamaçal cobria e nos fazia mudar de caminho.

Tal qual crianças aventureiras íamos firmando os passos e seguindo em frente.

Vi tanta flor do campo por entre o verde manto

Colhi uma singela rosa e prendi nos cabelos.

Enfim rompemos às barreiras e lá estávamos admirando o rio

Espumas flutuavam pela forte corrente entre remansos

De cor escura e barrenta o rio aquele dia dizia da triste tormenta

Pessoas em canoas e nas barrancas com rostos entristecidos

Um jovem alí morrera e o rio ainda não o devolvera.

Seguimos fazendo outro percurso um pouco menos animadas.

Bem perto uma familia certamente chorava e ainda esperava

Que o rio devolvesse ainda com vida o jovem aventureiro

Mas o manto cinzento mostrava chuva e o corpo a navegar sombrio.

Tantas lembranças e ainda os risos em nossos ouvidos

Dos banhos inocentes daquele rio onde ser feliz era nosso lema.

E enquanto retornávamos relembrávamos com lágrimas nos olhos

E agora em uma sexta-feira Santa sobrara ali a dor e o desencanto

Voltamos ao presente sentindo em nosso peito um frio e um forte desencanto .

GORETTI ALBUQUERQUE