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A PRAIA
JB Xavier
Por alguma razão com a qual eu não conseguia atinar, as coisas começaram a dar errado em minha vida. Meu casamento vacilava, diante de diálogos ríspidos e incompreensões várias entre eu e minha esposa.
Meus filhos, submetidos a um ambiente tenso, estavam arredios e inseguros, temendo por uma possível separação, que nunca era citada em nossas discussões, mas que parecia mais palpável a cada dia.
Esta tensão em meu lar – se é que eu poderia ainda chamá-lo assim – foi afastando os já poucos amigos que eu possuía, até que um dia me encontrei só!
Notei isso num dia especialmente negro em minha vida, apesar de ser um dos mais bonitos dos que a natureza já havia me brindado. As 8:30 da manhã, meu diretor me chamou em sua sala e, com aquela conversa mole que eu já conhecia, por tanto tê-a utilizado, demitiu-me sumariamente. Diante de minha perplexidade, ele tentou fazer-me escutar as razões de minha demissão, dizendo-me que eu me transformara num elemento desagregador dentro da companhia, e que eram muitas as críticas de colegas que trabalhavam comigo.
De certa altura da conversa em diante, eu só via seus lábios se mexendo, mas já não o ouvia mais, porque o impacto de saber-me sem emprego causou uma revolta em meu estômago me fazendo sentir uma vontade terrível de vomitar.
Olhei através da janela, por trás de meu chefe, e vi uma palmeira balançando ao vento, e ao lado dela, o carro zero que eu havia acabado de comprar, e com cujas prestações do financiamento eu havia comprometido boa parte do meu salário. “E agora? Pensei eu. O que faço da vida?” Beirando os cinqüenta anos não é exatamente uma idade fácil para se conseguir um emprego.
Pedi licença e saí rapidamente, indo até o banheiro, onde devolvi todo o café da manhã. Uma tremedeira incontrolável e uma tontura apossou-se de mim, e tive que encostar-me na parede para não cair.
Então desabei! Chorei copiosamente tudo o que já deveria ter chorado há muito. Chorei o fato de estar perdendo minha esposa, a quem eu amava desesperadamente; chorei por meus filhos, que aos poucos se afastavam de mim, tornando-se a cada dia mais distantes, e chorei por não haver um único amigo a quem eu pudesse recorrer naquele momento.
Um turbilhão desalinhava meus pensamentos, e eu não conseguia estabilizar uma linha coerente de raciocínio que me permitisse racionalizar a situação e estabelecer uma estratégia de ação. Eu só via o desespero do fantasma do desemprego, das dívidas se acumulando, da desagregação final da família e de meu nome sujo na praça.
Não sei por quanto tempo fiquei naquele banheiro, mas o que vi no grande espelho enquanto lavava o rosto para tentar me recompor e voltar à minha sala, me causou profundo desânimo. Vi um homem de rosto inchado, olhos injetados, semblante desesperado, bochechas trêmulas, desgrenhado e absolutamente perdido.
Meu amor próprio fora-se! Jamais pensei que passaria por isso um dia. Quando atravessei a sala em direção à minha mesa de trabalho para apanhar minhas coisas, senti os olhares postos em mim. Nenhum dos meus subordinados ou pares saiu de seus lugares e veio me oferecer apoio. Compreendi que estava sozinho! A possibilidade de eu ser odiado nunca me ocorrera. Como chefe de meu departamento, eu era enérgico, admito, mas não acreditava ser uma pessoa injusta. Entretanto, eu podia sentir um certo alívio no semblante das pessoas ao meu redor.
O turbilhão que me envolvia não me permitiu ver muito mais. Quando cheguei ao meu carro, estacionado sob a palmeira, notei que meu diretor me observava sorrateiramente através das persianas. Levantei o polegar fazendo-lhe um sinal de positivo – único blefe que consegui pensar como última vingança para desmascarar sua presença – fazendo-o afastar-se da janela.
Quando eu ia entrar no carro, Arnaldo, o jovem e brilhante engenheiro indígena que eu admitira há poucos dias, aproximou-se.
“Má hora” – pensei eu – “Não quero conversar com ninguém!”
- Desejo lhe agradecer por minha admissão – disse ele – minha origem estava me causando problemas para me integrar ao mercado de trabalho. Se não fosse o senhor...
- Arnaldo – respondi, interrompendo-o – Eu ...
- Se não se importar, chame-me de Nhuamã. É o meu nome de batismo...
- Ora! Que nome sonoro! Ele não constava em seu currículo...
- Bom, sou obrigado a esconder o que posso de minhas origens indígenas, porque ela só me causa problemas no mundo dos brancos – disse ele sorrindo...
- Bom, Nhuamã – acabei de ser demitido, e para falar a verdade, acabei de demitir também minha vontade, e talvez mesmo, minha auto estima... isso nunca tinha me acontecido – disse eu, tentando fazer graça, mas mal contendo a emoção.
- Preciso voltar ao trabalho. Almoce comigo hoje! Se puder, encontre-me no shopping da praia, na lanchonete de sempre...
- Ok! - Disse eu forçando um sorriso – estarei lá. Não tenho mesmo para onde ir...
O jovem despediu-se com um aceno e eu entrei no meu carro novinho, decidido a curti-lo o mais que podia, porque certamente dentro em pouco teria que devolve-lo à financeira!
Decidido a não ir para casa, porque eu sabia que a briga seria grande tão logo eu desse à minha esposa a notícia de minha demissão, fui a um cinema próximo, e fiquei aguardando a primeira sessão que começava às dez horas.
Eram 12:15 quando Arnaldo – ou Nhuamã, como queria ele - chegou. Eu estava encostado na pequena mureta de pedra que limitava a praia, quando sua mão tocou em meu ombro.
- Achei que o senhor não viria – disse ele.
- Qual foi a repercussão de minha demissão lá no escritório? Perguntei tentando sorrir.
Ao invés de responder, Nhuamã tirou os sapatos, enrolou as calças nas pernas e foi até a água, onde o mar ficou a lamber-lhe os pés.
- Minha vida foi toda passada junto ao mar – disse ele voltando até onde eu estava - tire seus sapatos e vamos dar uma caminhada pela praia para abrir o apetite.
- De que tribo você é? Perguntei enquanto descalçava meus sapatos.
- Tupinambá.
Lentamente fomos caminhando pela praia,em direção ao rochedo onde ela terminava, uns 300 metros adiante.
Enquanto caminhávamos, fui relatando minha vida, surpreso pela confiança que eu estava depositando em um quase desconhecido! Há muito tempo eu não fazia confidências. Meus últimos anos foram todos passados enclausurados dentro de mim mesmo. Não sei se isso aconteceu por falta de amigos, ou se os amigos se foram por eu ser assim.
Nhuamã parecia não estar muito interessado em meu desabafo. Enquanto eu falava e falava, ele parava a todo instante para juntar conchas. Na verdade eu não esperava que um jovem rapaz recém formado tivesse alguma coisa a me dizer. Se vim a esse encontro, foi principalmente porque não tinha o que fazer, e também para satisfazer minha curiosidade sobre como teria repercutido minha demissão lá na empresa.
Assim, caminhamos calmamente, como se tivéssemos o resto do dia ao nosso dispor. Eu, relatando coisas sobre minha vida que há muito não falava a ninguém, e ele, divertindo-se feito uma criança com as conchinhas coloridas que apanhava.
Confesso que comecei a me sentir meio idiota ao notar a situação ridícula de esperar que um jovem apenas alguns anos mais velho que meu filho, pudesse me incentivar ou tivesse algo a me dizer.
Quando chegamos ao extremo da praia, Nhuamã subiu por uma pequena trilha até o alto do rochedo, convidando-me a acompanhá-lo. Arfando, parei de falar até chegarmos ao topo, de onde se descortinava um lindo cenário.
Ficamos observando o oceano e a enseada, com o shopping no outro extremo da praia. Então Nhuamã falou:
- O senhor percebe agora onde está a causa dos seus problemas?
Eu o olhei intrigado, sem saber se sorria ou se o levava a sério. Ele ficou me olhando diretamente nos olhos, sem nenhuma expressão no rosto, num silêncio perturbador. Finalmente desisti de sustentar seu olhar.
- O que há para perceber? Perguntei um pouco envergonhado pela falta de perspicácia...Eu apenas lhe falava de alguns aspectos de minha vida...que aliás penso ser pouco interessante...
- Na cidadezinha onde me criei - disse Nhuamã - há uma praia muito parecida com esta, e, no dia em que me despedi da minha família para ir estudar na capital, meu pai levou-me por um passeio pela praia, como fiz com o senhor...
Fiquei em silêncio, sem ousar interrompe-lo.
- Tal como o senhor, eu lhe falei dos meus planos, enquanto passeávamos pela areia...contei-lhe de minhas intenções, do que eu pretendia ser um dia, e de tudo o que pudesse vir à mente de um jovem que iria partir para a sua jornada pelo mundo.
Caminhando ao meu lado com as mãos às costas, meu pai ouviu pacientemente, tudo o que eu tinha a dizer. Quando chegamos ao outro lado da praia, ele falou pela primeira vez, e disse-me coisas que levei anos para compreender o verdadeiro sentido:
- Meu filho querido – disse ele – tu serás infeliz se atravessares a vida como atravessaste esta praia...
Eu quis dizer algo, mas ele levantou a mão, fazendo-me silenciar...
- Há momentos para falar, e há momentos para ouvir – continuou ele - Usa menos a fala do que o ouvido. Faze da fala uma delicada harpa, que não fere os ouvidos de quem ouve, e faze do ouvido uma fonte de prazer. Não escuta, apenas. Ouve! Não olha, apenas. Vê! Se tivesses caminhado em silêncio, terias ouvido o murmurejar da água acariciando a areia...ou o carinho que o vento faz às copas das árvores...Se tivesses pensado menos em ti próprio, terias prestado atenção às belas conchas que adornam a praia, e que enfeitaram teu caminho por todo o percurso, embora delas não tenhas te dado conta.
- Depois de um instante, meu pai finalizou:
- Amanhã caminharás num novo mundo. Ele será a tua praia. Tal como essa que acabamos de atravessar, ela também terá muitos escolhos, mas sempre haverá as lindas conchas para serem descobertas, se decidires prestar atenção a elas. Essas conchas poderão ser pessoas, situações ou coisas. Isso não importa. O importante é que elas estarão lá, à espera de que as descubras, e que com elas enfeite teu caminho...portanto, não pises nas conchas apenas porque elas não estão à altura da tua vista...Serás uma pessoa completa apenas no dia em que souberes reconhecer o brilho e a beleza das pessoas ao teu redor, não importa quão humildes ou nobres elas sejam.
- Nhuamã parou de falar, mas eu continuei sob o efeito de suas palavras...
- Enquanto ele falava pude ver com que descuido atravessei a praia de minha vida! Naqueles poucos instantes, tomei consciência do quão pouco ouvi o vento saudando as manhãs, do quão mais falei do que ouvi e de quantas pessoas interessantes passaram por minha vida sem que eu lhes tivesse dado atenção...
Então Nhuamã aproximou-se e ofereceu-me as lindas conchas que apanhara.
- Elas estavam lá o tempo todo...mas o senhor não as viu, e pisou em muitas delas...
Apanhei as conchas e fui até a beirada do rochedo, de onde pude ver a esteira magnífica do sol refletido na água. Até há poucos instantes eles eram apenas reflexos incômodos. Atrás de mim, a voz de Nhuamã soou calma:
- A caminhada abriu-me o apetite...vamos almoçar? Disse ele sorrindo.
FIM
THE BEACH
JB Xavier
For some reason with which I could not fathom, things started going wrong in my life. My marriage faltered in the face of harsh dialogues and various misunderstandings between me and my wife.
My children, subjected to a stressful environment, were skittish and insecure, fearing a possible separation, which was never mentioned in our discussions, but that seemed more tangible every day.
This tension in my home - if I could even call it that - was driving away the few friends I had, until one day I found myself alone!
I noticed this in a particularly dark day in my life, despite being one of the most beautiful of that nature had toasted me. At 8:30 am, my director called me into his office and, with that soft stuff that I already knew, for both have used it, he summarily dismissed me. Before my amazement, he tried to make me listen to the reasons for my resignation, telling me that I had become a divisive element within the company, and that many were critical of colleagues who worked with me.
From one point of the conversation on, I only saw his lips moving, but I could not hear him anymore, because the impact of knowing me jobless caused a riot in my stomach making me feel a terrible desire to vomit.
I looked through the window behind his head and saw a palm tree swaying in the wind, and alongside it, a new car that I had just bought, and whose installments I had committed to finance a good part of my salary. "And now? I thought. What I do in life? "Nearing fifty years is not exactly an easy age for getting a job.
I excused myself and went out quickly, going to the bathroom, where I returned the entire breakfast. An uncontrollable shaking and dizziness seized me, and I had to lean against the wall to avoid falling.
Then I collapsed! I wept copiously everything that should have been crying for so long. Cried the fact of losing my wife, whom I loved desperately, I cried for my children, who gradually moved away from me, becoming more distant each day, and wept because no one single friend that could help me at that time.
A flurry misaligned my thoughts, and I could not stabilize a coherent line of reasoning that would allow me to rationalize the situation and establish an strategic action. I just saw the desperation of fear of unemployment, debts piling up, the final breakdown of the family and my name completely disqualified.
I do not know how long I was in that bathroom, but what I saw on the big mirror as he washed my face to try to compose myself and get back to my room, caused me profound prostation. I saw a man with a swollen face, bloodshot eyes, desperate, trembling cheeks, disheveled and absolutely lost.
My self esteem was gone! I never thought it would go through it one day. When I crossed the room toward my desk to pick up my stuffs, I can feel everybody looking at me. None of my subordinates and peers went out of their seats and came to offer me some support. I realized I was alone! The possibility to be hated never occurred to me. As head of my department, I was energetic, I knew it, but I never believed to be an unjust person. However, I could feel a certain relief in the face of the people around me.
The turmoil that involved me did not allowed to see more. When I reached my car, parked under the palm tree, I noticed that my chief watching me sneaking through the blinds. I lifted the thumb making him a thumbs-up - single bluff That I could think as a final revenge to unmask his presence - making him move away from the window.
When I went into the car, Arnold, the brilliant young Indian engineer I admitted a few days ago, approached.
"Bad time" - I thought - "I don’t want to talk to anyone!"
- I want to thank you for my admission - he said - my ascendance was causing me problems in order to integrate the labor market. If not for you…
- Arnold - I said, interrupting him – I…
- If you do not mind, call me Nhuamã. It is my true name...
- Well! What a sonorous name! He was not included in your resume...
- That’s true, I am obliged to hide my Indian origins, because it only causes me problems in the white world - he said smiling...
- Well, Nhuamã – They shown me the red card, and to be honest, I just resign also my will, and perhaps even my self esteem... This had never happened to me - I said, trying to make fun, but barely containing the emotion.
- I must get back to work. Have lunch with me today! If you can, meet me at the mall to the beach, at the same snack bar...
- Ok! - I said, forcing a smile - I'll be there. I have nothing to do anyway...
The young man took his leave with a wave and I got in my brand new car, determined to enjoy it as I could, because surely they would soon return it to financial!
Determined not to go home, because I knew the fight would be great as soon as I gave my wife the news of my resignation, I went to a nearby cinema, waiting for the first session that began at ten o'clock.
It was 12:15 p.m. when Arnold – ot Nhuamã , as he wanted - arrived. I was leaning on the little stone fence bordering the beach, when his hand touched my shoulder.
- I thought you would’n come - he said.
- What was the repercussion of my resignation in the office? I asked trying to smile.
Instead of answering, Nhuamã took off his shoes, rolled up his pants and went into the water where the ocean licked his feet.
- My whole life has been passed by the sea - he said coming back to where I was - take your shoes off and let's take a walk along the beach before dinner.
- What tribe are you from? I asked while drew off my shoes.
- Tupinambá.
Slowly we walked along the beach toward the rock where it ended, some 300 meters ahead.
As we walked, I was relating my life, surprised by the confidence that I was banking on an almost unknown! Long ago I had no confidence. My last years were all spent cloistered within myself. I don’t know if this happened because of lack of friends, or friends goes on because stranger way to be.
Nhuamã seemed not very interested in my rant. As I talked and talked, he stopped at any moment to gather shells. Actually I did not expect a newly graduated young man had something to say to me. If I came to this meeting, it was mainly because he had nothing to do, and also to satisfy my curiosity about how there would pass my resignation in the Office.
So, we walked quietly, as if we had the rest of the day at our disposal. I, telling things about my life that much did not talk to anyone, and he was enjoying himself like a child with each colorful shells that he discovered.
I confess that I began to feel a bit stupid to notice the ridiculous situation to expect a young man just a few years older than my son, would encourage me or had something to say.
When we reached the end of the beach, Nhuamã rose by a small trail to the top of the rock, inviting me to accompany him. Panting, I stopped talking until we reach the top, where a beautiful scene unfolded.
We watched the ocean and bay, with the mall at the other end of the beach. Then Nhuamã said:
- Can you see now where is the cause of your problems?
I looked puzzled, not knowing whether to smile or took him seriously. He looked at me straight in my eyes, with no expression on his face, in a disturbing silence. I finally gave up to support his gaze.
- What is there to understand? I asked a little embarrassed by the lack of insight... I just spoke to him of some aspects of my life... which incidentally I think is rather interesting...
- In the little town where I grew up - Nhuamã said - there is a beach much like this, and the day I left my family to go study in the big city, my father took me for a stroll along the beach like I did with you...
I was silent, not daring to interrupt him.
- Like you, I told him of my plans, while we were walking through the sand... I told him of my intentions, what I wanted to be, and everything that might come to mind of a young man beginning a big journey across the world.
Walking beside me with his hands behind his back, my father listened patiently, all I had to say. When we reached the other side of the beach, he first spoke, and told me things that took me years to understand the true sense:
- My dear son - he said - you'll be miserable if you cross through your life as you did this beach...
I wanted to say something, but he raised his hand, making me mute...
- There are times to speak, and there are times to listen - he continued - Uses less speech than the ear. Make speech a delicate harp, it does not hurt the ears of the beholder, and make the ear a source of pleasure. Do not listen only. Hear! Do not look only. See! If you had walked in silence, you would have heard the murmur of the water caressing the sand ... or caring that the wind does to the trees ... If you had thought less of yourself, you would have watched the beautiful shells that adorn the beach and that graced your way around the route, although you have not given it attention.
After a moment, my father concluded:
- Tomorrow you will walk into a new world. It shall be your beach. As just we go through this one, it will also have many pitfalls too, but there will always be the beautiful shells to be discovered, if you decide to watch them. These shells may be people, may be situations or things. It does not matter. The important thing is that it shall be there, waiting to be find, if you decide to garnish your way with it... so do not tread on shells just because they are not only the height of your sight ... You will be a complete person only day that you know how to recognize the brilliance and beauty of the people around you, no matter how humble or noble they are.
Nhuamã stopped to talk, but I kept under the effect of his words ...
While he spoke I could see how carelessly crossed the beach of my life! In those few moments, I realized how little I heard the wind greeted the morning, I spoke instead to hear, and how many interesting people passed through my life without I had paid attention to them.
Then Nhuamã approached and offered me the beautiful shells that had caught.
- They were there all the time, but you did not see, and stepped on many of them...
I picked up the shells and went to the edge of the cliff, where I could see the wake of the magnificent sunset reflected in water. Until a few moments they were just uncomfortable glare. Behind me, the Nhuamã’s voice sounded calm:
- The walk opened my appetite... Lets have lunch? He said smiling.
* * *