Quebrada
O som da risada dele ecoava em minha mente, uma lembrança constante daquilo que não me pertencia. Eu caminhava determinada a um local onde nunca me imaginei. Encarar a morte não é uma coisa que se faz todo dia, mas agora penso que eu não poderia fazer outra coisa. O prédio parece bem mais alto daqui de cima, da pra ver toda a cidade que um dia me fez tão feliz; eu consigo enxergar as ruas por onde caminhei quando era pequena e consigo ver o parque onde o vi pela primeira vez. Ele. O motivo pelo qual eu estou aqui no telhado de um prédio de 22 andares. Ele me reconstruiu só pra poder me destruir, pra fazer doer cada parte do meu ser, pra tornar difícil até respirar. Não sei como uma coisa pode ser tão agridoce, mas ele era. Pensar nele faz meus olhos encherem de lagrimas em dois segundos. É isso que ele faz comigo agora. Olho pra baixo pensando na paz que eu vou encontrar ao me chocar com o chão, eu sei que não vou sentir nenhuma dor e mesmo se eu chegasse a sentir dor, nenhuma dor é pior do que ser destruída pelo amor da sua vida. Fecho os olhos e controlo minha respiração, inspira expira, quando foi que eu aprendi isso? Vai ficar tudo bem agora, eu não preciso mais fingir que está tudo bem...