O MENINO E SUA LANCHEIRA
(Conto um conto e não aumento um ponto)
O MENINO E SUA LANCHEIRA
Pelas minhas mãos, ia o menino e sua lancheira.
Brilhavam os seus olhos com a mesma intensidade
com que ele se agarrava em cada dedo meu.
Doía-me aquela separação momentânea a que éramos forçados.
Lágrimas furtivas corriam de nossos olhos.
Jamais me esquecerei daquele rostinho na janela,
quando retornei para buscá-lo,permanecia com o olhar da despedida,
esperando por mim.
Pus-me a pensar em quanto deveria ter sofrido aquele pequeno coração, que não conseguia entender ainda o motivo daqueles momentos distantes, talvez um fato sem nexo para ele.
Houve o decisivo dia, em que a caminhada deveria se iniciar.
Houve o encontro dos olhos, as nossas mãos nervosas e suadas que não se desenlaçavam.
Houve a dor... Aconteceram os passos em direções opostas.
Da lancheira, ficaram os sabores de cada tarde. Da janela, o intenso e perscrutável olhar. Das mãos que se soltaram, ficou a confiança no porvir; dos corações, o amor que jamais enfraqueceu. Dos passos seguindo setas contrárias, a certeza de que assim são traçados os caminhos em busca do saber.
O menino transformou-se em homem e o homem escolheu o seu destino.
Hoje, nossas mãos novamente se enlaçam e, num abraço, juntamos nossos corações emocionados.
Batem eles fortes, pela conquista obtida, desde os passos com a lancheira, aos atuais, carregando a maleta do profissional.
Solto suas mãos e as entrego para o mundo, a fim de que cumpram, com o calor delas, a jornada a que destinadas foram,
sob as Bênçãos Divinas.
13:39