O MENINO E SUA LANCHEIRA

(Conto um conto e não aumento um ponto)

O MENINO E SUA LANCHEIRA

Pelas minhas mãos, ia o menino e sua lancheira.

Brilhavam os seus olhos com a mesma intensidade

com que ele se agarrava em cada dedo meu.

Doía-me aquela separação momentânea a que éramos forçados.

Lágrimas furtivas corriam de nossos olhos.

Jamais me esquecerei daquele rostinho na janela,

quando retornei para buscá-lo,permanecia com o olhar da despedida,

esperando por mim.

Pus-me a pensar em quanto deveria ter sofrido aquele pequeno coração, que não conseguia entender ainda o motivo daqueles momentos distantes, talvez um fato sem nexo para ele.

Houve o decisivo dia, em que a caminhada deveria se iniciar.

Houve o encontro dos olhos, as nossas mãos nervosas e suadas que não se desenlaçavam.

Houve a dor... Aconteceram os passos em direções opostas.

Da lancheira, ficaram os sabores de cada tarde. Da janela, o intenso e perscrutável olhar. Das mãos que se soltaram, ficou a confiança no porvir; dos corações, o amor que jamais enfraqueceu. Dos passos seguindo setas contrárias, a certeza de que assim são traçados os caminhos em busca do saber.

O menino transformou-se em homem e o homem escolheu o seu destino.

Hoje, nossas mãos novamente se enlaçam e, num abraço, juntamos nossos corações emocionados.

Batem eles fortes, pela conquista obtida, desde os passos com a lancheira, aos atuais, carregando a maleta do profissional.

Solto suas mãos e as entrego para o mundo, a fim de que cumpram, com o calor delas, a jornada a que destinadas foram,

sob as Bênçãos Divinas.

13:39

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 14/08/2013
Código do texto: T4433992
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