Entre dois amores
Saiu da sua cidade já adulta porém sem experiência alguma.
Fora educada no interior e dirigia-se para a capital.
Era uma mulher que ousava, forte, não desistia das coisas facilmente.
Tinha objetivos claros e definidos.
Daria certo, a qualquer custo.
Seria uma mulher independente e livre.
Não foi fácil iniciar uma vida nova, sem qualquer referência, família, amigos.
Era uma desconhecida.
Não tinha identidade naquela cidade.
Tinha um trabalho, uma vontade enorme de viver e de aprender.
Carregava no peito as utopias todas.
A certeza que era possível mudar o mundo para melhor, através da educação, seu trabalho e paixão.
Acreditava que seria capaz, nada temia.
A força interna, a vontade de dar certo era evidente.
Bastava olhar nos seus olhos.
Brilhavam muito sempre.
Viveu um amor antes não reconhecido, nem por ela, devido a sentimentos de culpa e medo.
Platônico até então.
Viveu intensamente tudo.
Amor, trabalho, utopias.
Acreditou.
Houve um momento de dois amores.
Coisas que acontecem com pessoas tesudas, de bem com a vida e que se assumem.
Pessoas de alma livre
Nunca traiu.
Viveu os dois amores.
Paralelos e diferentes.
Cada amor com cada amor.
As relações eram abertas e permitiam essa vivência.
Descobriu que é possível amar mais de uma pessoa, ao mesmo tempo.
Conseguiu amar.
Com resistências a princípio.
Fora educada para a monogamia e o casamento.
Mas conseguiu viver plenamente os dois amores.
Sentia-se amada, respeitada e livre.
Houve um momento que ficou entre os dois amores.
Uma das partes não mais conseguiu viver esse amor.
O amor virou dor.
Fez então sua escolha.
O amor sem dor.
O amor livre, que respeita e tudo pode.
Escolheu um amor.
(para uma amiga especial)