De um convite funeral ao assédio sexual

- Onde está a formiguinha? Perguntou o elefante ao porteiro do formigueiro.

- Na sauna. O que deseja dela?

- Mamãe faleceu. Vim convidá-la para o funeral.

Diante da trágica notícia, o porteiro encheu-se de piedade e avisou a formiga, que, pungida de compaixão, deu os pêsames ao recém órfão.

- Tenho comigo uma lista que mamãe pediu para convidar. Ela gostaria se fizessem presentes todos os animais, menos o urubu.

- Lebre, você que é muito rápida, está encarregada de fazer esse favor ao elefante, avise a todos. Ordenou a formiga.

- O leão também não convide! Pediu elefante. – Nunca gostei muito dele e depois que se tornou astro de Hollywood, virou bundão... Além do mais, ele e nossa família não falam a mesma língua. O macaco também está excluído; tenho uma irmã já mocinha e ele não têm escrúpulos. Está mais para humano do que para bicho. Agora devo voltar. A formiguinha não quer ir comigo? O rio está cheio e...

- Não, obrigada. Irei de carona com o beija-flor. Essa história que o rio está cheio é velha. E isso se chama assédio sexual. Após o funeral irei denunciá-lo ao nosso conselho selvagem. E ainda quer falar do macaco... ora ora!

Perplexo o elefante interrompe.

- Quer dizer que nem carona para um funeral se pode oferecer? E se essa lei chegar aos humanos? Já pensou não poder oferecer carona a uma colega de trabalho em dias de chuva? E os políticos poderosos com seus gabinetes lotados de belas secretárias proibidos de olhá-las, elogiá-las? Isso vai servir para enriquecer algumas mal intencionadas. Até logo, formiguinha. E se não fores ao funeral, sua ausência não será sentida.