"HISTÓRIAS DE UM 171 (Parte 2)" Conto de: Flávio Cavalcante
HISTÓRIAS DE UM 171 (Parte 2).
Conto de:
Flávio Cavalcante
NO BANCO
Caros amigos leitores. Faço aqui um relato muito real e eu tive a oportunidade de presenciar de perto. Como falei na parte 1 desta série. Ás vezes pensamos, que já vimos tudo no mundo. O cara de pau do meu amigo Marcos dessa vez atuou num banco.
Sempre pegávamos no serviço ás 10:00 h da matina, e quando chegava por volta das 14:00 h saíamos para descansar depois de uma ralação árdua. Nesse horário era certo de nos encontrarmos no mesmo bar de sempre para batermos um bom papo.
Marcos chegou ao bar e me convidou para ir ao banco rapidinho até a hora de voltarmos ao trabalho, achando ele que ia ser uma tarefa rápida. Seguimos então para a Caixa Econômica Federal. Entramos no banco e para a nossa surpresa estava super lotado e o Marcos ficou desesperado; pois tinha que sacar um cheque para levar pra sua esposa. Era de caráter urgente e nós não podíamos demorar.
Tentando resolver o que ia fazer, eu vi o Marcos sorrindo consigo mesmo e no meu íntimo pensei “ELE VAI APRONTAR AQUI”. A minha intuição me deixara preocupado; pois já conhecia o cidadão e as peraltices que ele aprontava. Eu havia presenciado algumas façanhas desse meu amigo e essa eu confesso que ele foi além do exagero.
A hora estava passando e o entra e sai no banco era intenso. Parece que o mundo parou diante dos nossos olhos. A fila não andava. Marcos olhou pra mim e balbuciou algumas palavras que pela leitura de seus lábios, o entendi dizendo. “DEIXA QUIETO”. Eu fiquei esperando qual era a dele.
Marcos na maior cara de pau começou a se entortar e a fazer cacoetes, fazendo caretas e dando língua pra todo mundo da fila. Entortou uma mão e ficou todo deformado e torto como se fosse um deficiente físico e entrou na fila dos portadores de deficiência, gestantes, idosos e pessoas com crianças no colo. Ouvi uma senhora cochichando. “EU ACHO QUE ELE É DOIDO; TÁ DANDO LÍNGUA PRA GENTE”.
Outros cochichavam. “ESTE É HOMEM NÃO É NORMAL DE SUAS PROPRIEDADES MENTAIS. ISTO É UM ABSURDO DEIXAR UM DOENTE DESSE POR AÍ SOZINHO”.
Marcos viu aquilo como um insulto e deu língua pra o cidadão. Eu fiquei morto de vergonha; pois não sabia onde meter a cara. E o Marcos continuou á fazer sua façanha na maior naturalidade. Vendo-o fazer aquilo. Qualquer um jurava que ele realmente era um deficiente. Só em vir a situação caótica daquele mentiroso, aproximou-se uma funcionária do banco para saber se ele precisava de alguma ajudar e ele fez uma cara de aborrecido mandando que ela se afasta-se e a garota acabou atendendo ao pedido do Marcos.
Finalmente chegou a vez dele no caixa. Enquanto isso, a fila já estava quilométrica. A moça do caixa pegou o cheque do Marcos, fez todo o processo para saque de um cheque e disse pra o Marcos.
“SENHOR... O SENHOR TEM QUE ENDOSSAR O CHEQUE”.
Marcos lembrou que a mão que ele escreve é a mão que ele entortou. Todos na fila ficaram na expectativa para saber qual seria a saída do cara de pau. E pra completar ele retrucou para a moça do caixa.
POR ACASO, TEM UMA CANETA PRA ME EMPRESTAR?
A moça gentilmente entregou a caneta para o Marcos e ele num gesto relâmpago e cínico, transferiu a deficiência para outra mão, deu língua para a moça do caixa, assinou o cheque e entregou para aquela funcionária perplexa com a cena inusitada. Ela fez uma cara de quem não entendeu nada e o Marcos cara de pau pegou o dinheiro, voltou ao normal, desfazendo toda a sua farsa, agradeceu e saiu na maior cara de pau.
É MUITA CARA DE PAU
Flávio Cavalcante