A DEUSA DAS ÁGUAS

A tarde já caminhava para o poente enquanto os pássaros se aninhavam no aconchego de seus filhotes. O campanólogo puxava a corda que moviam o badalar dos sinos nas dezoito horas. As beatas dobravam os joelhos na Nave Santa reverenciando o Deus onipotente. Era o momento do Ângelo. Os sons do badalar dos sinos ecoavam pelas montanhas chegando aos ribeirinhos, carreados pelas brisas intrigantes que oscilavam as folhagens das árvores enquanto o vai e vem das águas aquebrantavam sobre as pedras que soavam como sinfonias orquestrais nas matas.

Em meio as águas, emerge toda esculpida pelas mãos do Senhor, o morenado brejeira daquele corpo talhado e emoldurado por um fio de luz, que ainda lhe beijava aquele corpo nu que agora deslizava a apalpar com seu pés, as areias alvas, tatuando pegadas molhadas em seu caminhar. Cabelos negros ondulados a cascatear pelos seus ombros encobrindo os seus seios fartos como dois pomos a marcar um direcionamento à mim. Olhos amendoados, azuis das águas, sobrepondo aos lábios carnudos, porem, avermelhados que ao sorrir em minha direção distinguia o brilho alvo de seus dentes que reluziam à sua volta. Pernas delgadas, torneadas, que ao andar bailavam suavemente apalpando as areias alvejadas enquanto o meu ser trêmulo e estático pausado, compactuava aquele ato de pura magia e esplendor. Aproximou-se a mim, sorriso escancarado envolveu-me com os seus braços delgados sobre o meu corpo frenético, abrangendo-me com aquele corpóreo monumental anjo de candura, do qual, senti o seu amornar na minha pele no primeiro ato.

Seus lábios sobrepuseram aos meus e em estase, o seu corpóreo quente exalando âmbar, vagueou pela amplidão de meus desejos elevando a minha 'alma e o meu ser por completo.

Nossos corpos unos repousaram levemente sobre as areias abrasadoras e alvas aconchegando-nos ao nicho do amor, do qual, nós fizemos por completa emancipação de desejos.

A pudicícia se esvai ruborizada apropriando-nos os Deuses do libido, febrento das orgíacas, impelindo-nos ao extasiar das sedações morfológicas sexuais pelas areias abrasadoras ,tatuando nosso corpos com pigmentos alvejados sobre nossas exacerbadas vontades em um ato de puro prazer de um gozo celestial...