ATIREI O PAU NO GATO

No reino animal, Walter era um cão com uma história de superação impressionante, daria um livro se fosse contada. Ele era um vira-latas que tinha um amor indescritível pelo dono...
 
Numa madrugada de inverno foi levado a um passeio de carro. Walter estava feliz. Num determinado momento pararam no acostamento de uma rodovia. Os dois desceram do carro e Walter recebeu ordens  
para sentar-se e permanecer ali. Sem olhar para trás seu dono entrou deu a partida e nunca mais foi visto.
 
 
Walter passou frio, fome e sede. Enfrentou sozinho as adversidades da vida. Sobreviveu. Teve uma decepção amorosa com Kate, uma poodle. Quando tudo parecia perdido ele foi adotado.
 
Walter cursou medicina tornando-se um brilhante psiquiatra. Especializou-se na Teoria Psicanalítica Freudiana. Acreditava que os conflitos faziam parte do desenvolvimento, procurava descrever as causas e os transtornos mentais. Adquiriu uma vasta experiência no aprimoramento dos seus estudos aplicados.
 
Um dia recebeu no seu consultório um gato com distúrbio neuropsiquiátrico e suas sete vidas comprometidas devido aos antidepressivos controlados que usava. Pedro Ernesto desenvolveu uma mania de perseguição. Buscou tratamento no "SUS", por falta de vaga recorreu ao Plano de Saúde.  Avaliado pelo Dr. Shultz (um papagaio clínico geral), foi encaminhado ao Dr. Walter para tratamento.
 
Pedro Ernesto estava deitado no divã quando o Dr. Walter pediu para que ele relatasse o que sentia.
 
_Bem doutor, não sei como começar, o fato é que sempre ouvi dos meus avós uma lenda. Que tinha uma tal de dona Chica que atirava o pau no gato, mas o gato não morria...nunca levei a sério.

_ Entendo, continue... Disse o Dr. Walter...
_ Um dia, estava eu na minha vida noturna em cima de um telhado, quando de repente, vi um pau voando na minha direção. Acertou a minha cabeça de uma forma que eu dei um berro, quase desmaiei, por pouco eu perco uma das minhas vidas, até hoje tenho minhas dúvidas se eu não a perdi. 

_ Continue...Disse o Dr. Walter.

_ Desde aquele dia, eu perdi o sono, acho que a qualquer momento vou ser acertado por essa tal de Dona Chica. A musiquinha não sai da minha cabeça, fica o tempo todo:
 
Atirei  o pau no gato tô to
Mas o gato tô tô
Não morreu reu reu
Dona Chica cá
Admirou-se se
Do berro que o gato deu..,
Miaaaau !!!
 
_ Entendo, continue...estou anotando tudo. Disse o Dr. Walter...

_ Eu queria que alguém me explicasse doutor. Eu nem conheço essa Dona Chica, o que eu fiz de mal a ela. porque essa obsessão de me atirar o pau, o que ela ganha me ferindo, só pra me ver berrar? A minha vida social está afetada, estou evitando qualquer tipo de
relacionamento, perdi a habilidade de manter novas 
amizades, qualquer direção que eu olho, vejo Dona Chica atirando o pau em mim...tem cura doutor?
 
_Primeiro lugar, está fazendo a coisa certa, procurando ajuda. A sensação de estar sendo perseguido é ilusória, é fruto de uma situação real, você está sofrendo de um transtorno de estresse pós traumático.
Em segundo lugar você tem de confiar em mim. 
Podemos diminuir os antidepressivos e passar para sessões semanais.  A evolução será gradual se você se ajudar, vai depender de você. Tenho certeza que a cada sessão,  esse distúrbio de ansiedade será diminuido, você terá mais confiança para recuperar o equilíbrio de uma vida normal.
 


Depois de algumas sessões, Pedro Ernesto livrou-se dos remédios, readquiriu confiança e voltou as suas atividades noturnas nos telhados. Conheceu uma gata muito ciumenta chamada Chica, casou-se. Teve 
um monte gatinhos e foi feliz para sempre com a Dona Chica (a gata).
 
Alberto SL
Enviado por Alberto SL em 16/07/2013
Reeditado em 16/07/2013
Código do texto: T4389388
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