O HOMEM A MÃE E O CAVALO
“Honra a teu pai e tua mãe, para que te vás bem...”
Bíblia Sagrada- Êxodo 20-12
“O que a seu pai ou a sua mãe amaldiçoar, apagar-se-lhe-á sua lâmpada e ficará em trevas densas. “
Provérbios 20-20
As crianças brincavam animadamente e nem viram se aproximar aquele cavalo.
Quando se deram conta, viram o inusitado da aparição. Tratava-se de um cavalo que trazia um homem magro, corpo algo contorcido, mãos tortas e faces amargas. Estava montado e amarrado ao animal. Um rapazinho vinha puxando o cavalo por uma corda. Aquele deficiente a quem chamaremos de Acácio, percorria todo o Estado na coleta de donativos.
A imagem daquele homem naquela situação, era perturbadora. Que razões haveria para que um homem vivesse assim?
Dizia-se que Acácio tivera na juventude uma vida abastada. Vivia somente com a mãe. E o dinheiro que seu pai deixara ao morrer, respondia por toda a sua opulência. Mulheres, jogos, bebidas. Só prazeres. Para desgosto da mãe, logo deixou os estudos, confiando nas posses materiais e afastando-se dos valores morais. A derrota estava a caminho. Néscio, não se lembrou da rápida passagem do tempo e de como é preciso adotar-se a sabedoria para norma de vida.. Tanto quanto possível. Buscar ajuda, buscar Deus, disciplinar-se.
Na medida em que os recursos iam acabando, Acácio se exaltava e tratava a mãe com a maior intolerância.
A degradação moral consumada, nada mais restava , senão atacar a mãe. Esta, ia cedendo, por medo do próprio filho, até que seu dinheiro também acabou. Passou a lavar a roupa da vizinhança para se manter.
Foi aí que a situação ficou drástica. Sempre que Acácio chegava e encontrava as dificuldades de praxe, chamava a mãe e nela montava como se cavalo ela fosse, fustigando-a, chicoteando-a e gritando com ela. Fez isso muitas vezes, enfraquecendo a velha senhora, que algum tempo depois morreu, deixando-o mais sozinho. Os antigos amigos de farra já o haviam abandonado , quando acabara seu dinheiro.
Solitário, doente e faminto, ainda encontrou alguém que o levasse para um hospital público.
Mesmo conhecendo o tratamento que ele dispensava à mãe, as pessoas do lugar, por piedade Cristã, providenciaram um meio para a sua subsistência: justamente um cavalo, por ironia.
E nós já sabemos como foi que ele acabou. Só não sabemos se o arrependimento visitou seu coração. Nem se pediu o perdão A Deus, depois de uma vida tão desregrada e sem nenhum respeito por sua mãe e por si mesmo.