Na Esquina de um bar
Num bar da esquina Marcos estava tomando uma sopa, quando se assentou a frente dele uma moça. Tinha a carinha triste, a roupa maltrapilha, a idade meio confusa e o aspecto sujo.
Por alguns segundos sem jeito ele perguntou se podia ajudar. A moça não se fez de rogada e disse:
- É cinco reais doutor.
Entristecido, embora não fosse santo, disse a mocinha:
- Você quer comer eu pago, mas não precisa você me dar nada em troca.
Ela com um gesto positivo da cabeça aceitou.
Comeu, bebeu, agradeceu e foi adiante.
Quando o jovem já ia embora, a dona da lanchonete comentou:
- É sempre assim, quando não é essa menina, são outras, que vem e vão a pedir ou a se vender.
O rapaz exclamou: Tem tanta gente na rua lutando pelos direitos, que às vezes esqueço que estou no Brasil.
O fato é que em qualquer lugar temos dificuldades, que são fomentadas pelo próprio Estado.
Quando chove tem um monte que desaba junto com as encosta, quando não morre afogado nas palafitas; quando não são os pobres aleitados nos corredores dos hospitais, bem como aqueles que são assaltados, mortos a sangue frio e ninguém sabe, ninguém viu. A lei fica no omisso, quando não lerda finge que o assassinado é personagem do crime. Isso quando a pessoa não é abordada por policiais corruptos.
É seu moço!... Dizia a senhora, quando de repente.
- Boa noite senhor!...
Uma senhora, com o sofrimento no rosto, pedindo ao rapaz uma ajuda para sua filha doente.
O rapaz nem se refez do susto e a dona do bar foi logo dizendo:
- A senhora não esteve pedindo ontem aqui?
A velinha não se intimidou e disse:
- É que eu não consegui todo o dinheiro.
O Rapaz perguntou:
- A senhora não recebe pensão?!...
A velha olhou, por aqui e por ali. Enrolou a sua sacola, apertou a sua blusinha de crochê e
Calou-se. Foi-se na brisa da noite, sem dizer mais nada.
A dona do bar falou:
- É essa senhora não todas as noites, mas vira e mexe ela vem pedir por aqui. Ninguém me tira da cabeça que ela tem pensão.
- Os netos não querem trabalhar, sugam a velha e depois ela que tem que se virar.
Ouvindo a história adiantou o rapaz:
- Obrigado dona, já vou embora antes que além de freguês, me forme num aprendiz de pedinte.