Cap I – O apartamento.

Luca estava finalmente em seu apartamento, em um conjunto habitacional de classe baixa, mesmo já estando habituada a sua rotina de acordar cedo, descer os vãos da escada, dizer bom dia ao porteiro, sair na rua, andar algumas quadras até a firma, da qual ignoro de que, trabalhar, voltar embora, dizer boa tarde ao mesmo porteiro, um velho carrancudo, que apesar da cara horrível, era um ser bondoso e gentil; subir os mesmos vãos até o andar onde morava, nas escadas quase todos os dias se encontravam com uma estudante, neta de uma senhora que era uma das vizinhas de Luca, esta senhora passava os dias a varrer o corredor frente à porta deles, era já uma senhora bem velha, com os olhos de um azul incrivelmente brilhante, apesar da idade, duas jóias incrustadas em um velho rosto já flácido e sem expressão, ela sempre dava um pedaço de bolo a Luca quando fazia. Esta era a rotina de quase todos os dias, de segunda a sexta, com poucas interrupções que mudassem esta vida.

O apartamento de Luca era composto por dois quartos, sala cozinha junta e banheiro e uma pequena varanda em uma sacada de cerca de 3m de comprimento por 1,50 de largura, nesta varanda havia dois vasos de samambaia, uma planta em cada extremidade. Os seus vizinhos de parede de um lado eram a velha e do outro um jovem casal que brigavam constantemente, difícil era uma noite em que não havia discussões deles, moravam ali há uns dois anos talvez, ou um pouco mais, Luca já havia se esquecido quando haviam se mudado para ali, já há algumas semanas as brigas começaram a ser mais freqüentes, por vários motivos, desde o mais banal a alguns assuntos sérios, o cara era um sujeito comum, mas, gostava de fumar uma erva de vez em quando, a garota era baixa com cabelos negros e lisos, com olhos amendoados redondos, bem delineados por grossas sobrancelhas, peitos pequenos quase médios, um bunda redondinha bem delineada “gostosinha” quase todos os jovens do prédio diziam isto dela, se ela chifra o marido ou o marido chifra ela, bem, isto não nos apetece aprofundar nisto agora. A relação destes vizinhos com Luca, não era ruim, apenas não era uma política de boa vizinhança, aquela de dividir açúcar e etc. Luca era um sujeito meio reservado dificilmente se confraternizava com os vizinhos, sua relação com eles se resumia na maior parte das vezes em rápidos bom dias, boas noites, apenas isto, somente com a velha que era um pouco mais amigável, mas, estou repetindo o tema, continuemos para frente.

Envolta dos prédios eram muitos terrenos vazios com grandes matagais, alguns dias antes, uma jovem foi estuprada ali e morta, sem dó nem piedade, até a agora a policia não achou alguém suspeito, e nem tem tais pessoas, no meio deste matagal é um bom lugar para as pessoas fumar maconha longe dos olhos curiosos da lei. Neste tempo começo de agosto final de julho, já fazia muito tempo que não chovia, o clima estava seco sem umidade alguma, o capim começava a se tornar amarelado, começando a secar, no céu uma densa camada de fumaça escondia o azul do firmamento, o Sol era apenas uma mancha branca com brilho opaco no meio deste céu cinza. A cabeça de Luca latejava, neste calor infernal que fazia neste dia, as gotas de suor escorriam pelo seu rosto se alojando em sua camiseta já empapada.

Era um final de tarde de sábado aquele casal estavam brigando novamente, uma forte pressão se formou Ca cabeça de Luca que agora latejava mais forte, tomou um comprimido de A-S, mais de um para ser mais exato na esperança de melhorar – “Não posso mais ficar aqui.”- pensou ele, saiu de dentro do apartamento meio tonto com a vista levemente escurecida, passou pelo corredor que cruzava o andar, um lugar totalmente sem circulação de ar, cambaleou e se pôs a mão na parede para se sustentar em pé e esperar os sentidos voltarem, talvez em seu subconsciente acreditasse que os tijolos, a areia, e o cimento e tudo o mais, tivessem uma força e que ele absorveria esta força par se sentir melhor. Sua respiração estava ficando cada vez mais pesada custando-lhe muito cara aspiração de ar, um gasto de energia terrível, sentiu tudo isto se esvaindo. A velha varredeira do corredor - adivinhem... Estava varrendo como sempre, ela perguntou a ele se ele estava bem, respondeu a velha com uma voz forçada quase que um chiado que sim, a varredeira disse qualquer coisa a ele, mas, não a ouviu, continuou cambaleando até o começo da escada, segurou no frio aço do corrimão, pousou o pé no primeiro degrau, tudo se apagou.

Panthael Barrett
Enviado por Panthael Barrett em 04/07/2013
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