Uma Família Destruída pelo Álcool 

     Numa pequena e pacata cidade do interior de Minas Gerais morava Jose, casado com Maria, pai de cinco filhos (três homens e duas mulheres). Sua esposa trabalhava em casas de famílias como domestica. Mulher trabalhadeira e muito respeitada na pequena cidade pela sua seriedade, honestidade e também por ser de uma família simples, mas bem conceituada naquele lugarejo. 

     José amava muito sua esposa, era um pai amoroso, atencioso com os filhos. Porem, um alcoólatra que cada dia o estágio de sua doença aumentava significativamente, isto afetava de maneira profunda o relacionamento do casal. Mesmo havendo um sentimento grande de amor entre ambos o alcoolismo prejudicava o relacionamento dos dois como também influenciava ativamente a vida dos filhos, chegando ao ponto de ser comum os filhos presenciarem discussões e muitas vezes agressões físicas entre eles. 

     Estava empregado numa empresa de minérios há anos. Quando José recebia o pagamento no final de semana, primeiramente fazia as compras para a família, comprava sempre doces para os filhos, com o que sobrava acaba embebedando chegando em casa completamente bêbado. Era comum, perder alguns produtos da compra na rua. 

     Jose quando estava sobre efeito de bebidas não era violento, no entanto, transformava-se numa pessoa complemente chata, vivia criando confusões porque falava sempre a mesma coisa toda hora, até tirar a sobriedade de Maria. Ficava criando situações para provocar discussões e depois de armar barracos ia se deitar acordando quando já estava recuperado da bebida, mas com uma grande ressaca. E assim, eram sucessivamente todos os finais de semana. Mas o alcoolismo foi se acentuando cada vez mais que Jose já não conseguia manter uma regularidade no trabalho até ser mandado embora do emprego de anos. Com a perda deste emprego, a  saúde debilitada e ainda, todos da pequena cidade conhecendo-o como alcoólatra José não arrumava emprego registrado. A partir daí passou a viver de bicos, raramente conseguia se empregar com carteira assinada. A falta de um trabalho fixo ajudou no aprofundamento do alcoolismo. O casal intensificava as agressões, os filhos assistiam todas aquelas cenas de brigas infinitas. 

     Certa vez, Maria num final de semana teve uma crise se enfartando, porém, conseguiu sobreviver. Mas, a partir daquele instante sua saúde se comprometeu totalmente. Alguns meses depois teve uma crise psiquiátrica que a levou ser internada em numa clinica para tratamento mental. Deste então, Maria adquiriu uma doença psiquiátrica que a levou varias internações. Muitas destas internações se deram pelo alcoolismo de seu marido. Era comum, quando Maria voltava da clinica com poucos dias entrar em crise psiquiátrica novamente e ter que voltar ao tratamento interno em clinicas, até que seus pais vendo aquela situação que nunca terminava interferiram de maneira radical separando o casal. Com a separação e o estado mental de Maria, a mãe de Jose, Ana Maria acabou assumindo o filho e mais quatro netos, apenas uma ficou vivendo de casa em casa de tios. Os filhos sofreram de maneira particular com o alcoolismo de José, pois com a separação do casal somando-se ainda ao estado mental de Maria e a idade avançada da avó ficaram completamente abandonados à própria sorte. 

     O tempo foi sucedendo até que Jose também começou a procurar clinicas para tratar-se de sua doença, porém, o alcoolismo era maior que sua vontade, e assim mesmo lutando não conseguia parar de beber. Era comum José ficar quinze, vinte dias até mesmo mês sem pôr álcool na boca, mas quando fazia o primeiro uso recaia ficando quinze, vinte dias bebendo diariamente, até ficar totalmente debilitado e parava de beber somente quando adoecia por falta de alimentação. Conseguia sobreviver a crise de abstinência, no entanto, depois de alguns dias lá estava ele de novo alcoolizado por dias, semanas. Assim, foi consecutivamente. 

     Maria, após vários tratamentos e vivendo separada conseguiu ter seu quadro de saúde melhorado, mas nunca mais se recuperou totalmente, vivia a base de medicamentos mentais os quais mantinha lúcida. Infelizmente, o quadro mental de Maria somente pode estacionar nestas condições, porque o casal manteve separado. 

     Devido o ocasionado na separação do casal e a atitude dos avós maternos terem abandonado os netos, isto criou certa revolta dos netos com estes avós e, como foram anos nesta situação Maria mesmo querendo assumir os filhos novamente acabou encontrando resistências.  Somente com o passar dos anos os filhos aproximaram de sua mãe passando a tratá-la com carinho e atenção, mas, muitas desta aproximações dos filhos com a mãe causava em Ana Maria – mãe de Jose – ciúmes e assim, sempre quando os filhos aproximavam de sua mãe havia muitas discussões entre os netos e a avó. 

     Os filhos do casal já adultos, empregados – ainda solteiros – ampararam sua avó juntamente com seu pai já que ela foi aquela que no momento mais difícil esteve sempre ao lado deles, os assumido desde suas infâncias. 

     Maria e José ainda que se gostasse mutuamente não conseguiram mais se unir, cada um vivia o amor de um pelo outro apenas no sentimento. Era comum a preocupação de Maria com o alcoolismo de Jose, porem, não tinha o que fazer. Embora a vontade do casal fosse a reconciliação José não conseguiu vencer o alcoolismo até que determinado dia numa rodovia depois de estar embriagado deitou debaixo de uma arvore para dormir chegando ao óbito por meio de um enfarto. 

     Três anos após a morte de Jose, Ana - sua mãe - já com idade bem avançada, somando-se todo o sofrimento de uma mãe ver um filho no álcool veio a falecer. Com a morte de Ana, houve a aproximação definitiva de Maria com seus filhos, até que, depois de 7 anos da morte de Jose ela também faleceu através de um enfarto fulminante. Desta maneira findou-se mais uma história de um casal que muito se amou, porém o álcool foi o divisor que destruiu esta família. No entanto, de toda esta triste realidade os filhos conseguiram sair sãos e ilesos, apenas com a triste história que marcará para sempre suas vidas.

Ataíde Lemos
Enviado por Ataíde Lemos em 03/04/2007
Reeditado em 04/04/2007
Código do texto: T436686