A Piriguete de minissaia vermelha

A Piriguete de minissaia vermelha

Era uma vez uma jovem conhecida pelo apelido de Piriguete de minissaia vermelha. Ela era muito espevitada e vivia desfilando com sua minissaia vermelha por toda a cidade. Todos a conheciam por sua “extravagância” e ela adorava ser admirada, aliás, sua minissaia vermelha era, apenas, um detalhe que fingia cobrir o que ela queria deixar à mostra.

Certo dia, a Piriguete de minissaia vermelha foi se encontrar com o Marombeiro de plantão; ele era seu peguete, era como ela o chamava. A Piriguete de minissaia vermelha transbordava sensualidade por onde passava e despertava os olhares mais cobiçadores. Seu quadril ia desenhando, pelas estradas, as formas da sedução e em sua ginga se perdiam os olhares mais pérfidos.

A Piriguete de minissaia vermelha não dava trela para cantadas baratas, mas aprovava os elogios com sorrisos furtivos. De repente... um Velho bobo atravessou seu caminho e como um lobo mau colocou olhos e mãos à frente da Piriguete de minissaia vermelha e todo babão e com má intenção, ele a abordou:

- Oi, tesouro.

A Piriguete de minissaia vermelha, educadamente, respondeu.

- Oi, senhor.

Ele insistiu:

-Está indo assim com tanta pressa para onde? Quer companhia?

Desconfiada da abordagem, ela respondeu:

- Estou indo na casa de meu peguete e prefiro andar só.

- Como se chama, cabrocha linda?

- Piriguete de minissaia vermelha.

-Hum, sugestivo.

Ela estava ficando assustada e queria sair daquela situação constrangedora.

- Eu posso ir, agora?

- Pra quê a pressa, nem conversamos direito.

- O senhor está me olhando de um jeito diferente. Os olhos grandes...

- É para ver melhor a sua beleza, minha jovem.

- Mas está todo se balançando; tá estranho.

- É Labirintite

- E por que essa boca toda melada?

- É por que estou babando por você

- E por que essa mão que não para de mexer?

- É Mal de Parkinson .

- E essa “bengala” em pé, é para me bater?

- É para te ...

A Piriguete de minissaia vermelha gritou por socorro, mas o Velho bobo a agarrou fortemente. Ela se debatia em seus braços e ele a babava mais e mais com seus beijos melecados; porém, ela era esperta e deu-lhe uma joelhada naquele local. O Velho bobo urrava de dor e, dessa maneira, ela conseguiu escapar de seus braços pelancudos. Chegou, rapidamente, à casa de Marombeiro de plantão contou-lhe o que havia acontecido. Ainda assustada e tremendo de pavor do Velho bobo, ela se derreteu em seus braços e percebeu que, assim, como no conto de fada, há sempre um lobo mau, ou um Velho bobo querendo comer a mocinha.

Mario Paternostro