A MULHER E A REDE

Era para uma aldeia de pescadores que papai nos levava todo verão para passarmos as férias.

Depois de um ano de trabalho dele e de estudo nosso, nada poderia ser melhor!

Enquanto de cima de uma enorme pedra, ele lançava ao mar a sua linha com anzol e iscas, pescando feliz, nós brincávamos com as outras crianças.

Às vezes, íamos escorregar num monte de areia seca ou fazíamos castelos com a areia molhada.

Quando entrávamos no mar, aí sim, era pra nadar, mergulhar, boiar e esperar uma onda maior, para a gente furar, isto é, mergulhar quando ela estivesse bem alta. Naquele tempo ainda não se sabia o que era surfar.

Como era divertido tudo aquilo! A praia era limpa, a vegetação sobre a areia seca parecia que sempre estivera ali, verdinha e com cheirinho de mar. Vegetação nativa mesmo!

Muitas vezes, nós ajudávamos(?) os pescadores a puxar suas redes de arrasto. Eram elas que traziam peixes de todo tipo e tamanho. E camarões, para que eles fossem vender na cidade mais

próxima.

À tarde, nós íamos ver a mulher que consertava as redes.

Debaixo da barraca onde os barcos eram guardados, ela pegava uma espécie de agulha grande, de madeira e ia acertando um buraco aqui, outro ali, para que a rede ficasse totalmente restaurada. E ia nos dizendo que se algum daqueles trançados se rompesse e não fosse refeito, outros se romperiam também, de modo que a rede não iria mais servir para a pesca. Era preciso, pois, ter-se muito cuidado para que ela se mantivesse inteira. Cuidado e atenção com aquilo que se faz.

Portanto, nós devemos sempre pensar se o que vamos falar ou fazer, pode ou deve ser falado ou feito. É preciso ter cuidado para não romper a rede, quer dizer, cuidado para não estragar tudo.

Esther Lessa
Enviado por Esther Lessa em 27/06/2013
Reeditado em 30/06/2013
Código do texto: T4361165
Classificação de conteúdo: seguro