ASAS
Aconteceu de um peixinho misteriosamente nascer com asas. Estas não o impediam de brincar feliz como todos os pequenos do cardume. O tempo passou e o peixinho cresceu como também suas asas. Foi então que começou a sentir uma vontade irresistível de voar, não conseguia mais pensar em outra coisa.
Decidiu-se, iria satisfazer o seu desejo, era o que queria, era o que faria. Tomou coragem, aproximou-se da superfície do mar, bateu as asas com toda força e voou. Foi um voo pequenininho, de apenas alguns segundos, pois teve que retornar à água para respirar.
Aquela foi a sensação mais maravilhosa que experimentara em toda sua vida. Decidiu que faria isso todos os dias. Assim foi, mas nunca conseguia ir longe, faltava-lhe o fôlego. Concluiu que mesmo tendo asas, estava preso ao mar. Olhou para aquele céu imenso, os pássaros vindos do horizonte, tocando as nuvens, banhando-se nos raios quentinhos do sol, um sonho que jamais alcançaria, para voar, morreria sufocado.
Quanta desilusão, uma tristeza imensa tomou conta dele. Deixou-se afundar e nas areias ficou inerte, sem mais nada fazer. Seu sofrimento era tão grande que ficou doente. Seus amigos tentavam animá-lo, pediam que procurasse se tratar. Ele apenas respondia que sua cura era também a sua morte.
E o nosso peixe ali ficou, meditando nesta questão, seria melhor viver doente, ou morrer curado?
Haveria para ele alguma outra solução?
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Inspirado no livro: O Peixinho de Asas, de Maria Alice do Nascimento e Silva Leuzinger