GEORGE



       Lentamente um fogo bate em seu rosto, derrete sua pele chega aos ossos ferve seu sangue, se derrete todo e não morre, foge daquele lugar pensa estar salvo, um frescor cai sobre seu corpo mas este alivio demora poucos minutos volta a acontecer tudo novamente o calor e o fogo não o deixa em paz e isso se repete por milhares de anos, ele já morreu e não vive mais em carne, esta sendo castigado não só pelo mau que aqui fez, mas também pelo pouco mau que fez, esta no inferno, desde que ali chegou é desprezado pelo diabo por não ter feito todo o mau por ele esperado, não digo que o correto é, se fizer o bem que o faça muito bem, se fizer o mal que o faça muito bem, digo apenas não faça o mal e faça o bem pouco ou muito mas o importante é que faça o bem;
      Ele vive hoje com o diabo, lá não existe os dias e sim apenas uma noite pois o inferno não gira sobre si fazendo com que isso se torne mais monótono sua longa noite, vai para o inferno quando se é terrivelmente impiedoso e ele não foi tanto assim
     Viveu na terra a sete mil anos durante 63 anos sem ter sofrido um minuto se quer, sua única dor foi dentro de seu corpo e nada físico apenas em sua consciência, cresceu no berço do mais puro ouro viu seus pais morrerem e nada sofreu pois foi educado a aceitar a morte, casou teve sete filhos e quatro filhas dos quais três também se foram em morte e novamente nada sofreu, quando chegou sua morte, seus filhos e esposa nada sofreram, mas junto com eles muitos sofreram perderam uma devida luxuria foram mais ou menos oitocentas pessoas; Alem dos familiares próximos a ele tiveram também os que não sofreram com sua morte, apenas um milhão e trezentas mil pessoas, seus familiares compreensivos ao fator morte os outros livres da miséria.
      Ele foi imperador de uma terra distante e lá fechou os olhos para todos, viu a prosperidade que envolvia a seu redor e nada mais, era a era do trigo e esses grãos cresciam por toda parte e com eles que se sobreviviam, eram o alimento do momento mas em seu reino não eram permitido qualquer um usufruir deste, por uma ordem sua dizia que apenas aqueles que o venerassem poderiam consumir o trigo, era simples havia um ritual, teriam que ir a ele se ajoelhar a sua frente e pronto estavam permitido ao uso do dito grão, o povo em si não via problema algum naquela atitude e o fazia de coração pois ele até em um certo momento de sua vida era venerado por todos.
     Mas uma coisa acontecia ao seu redor ele tinha seus secretários que o ajudavam na administração de seu reino e ai era onde estava o grande pecado;
     Estes o enganavam dizendo a ele que muitos nunca ajoelhariam a sua frente para tal pedido, isso o deixava muitíssimo triste e a conselho destes mesmos secretários era orientado colocar fogo nas terras, destes no qual passavam por uma terrível miséria a ponto de levar muitos a morte antes das suas devidas horas, com isso o grão não era distribuído a todos, fazendo com que sobrasse mais e mais com isso transformando aqueles em que o rodeavam em pessoas ricas em bens;
      Durante sua vida nas vezes que se afastou do seu reino para algumas viagens com sua comitiva percebera a diferença social que varria suas terras mais distantes, questionava a seus secretários se ele tinha culpa nestas misérias e a resposta era sempre a mesma, - não o senhor não tem culpa eles que são culpados por não quererem venerar ao senhor.
     Então ele virava o rosto para tal como que se estivesse fechando os olhos e seguia seus caminhos, em outros reinos era questionado o porque daquilo e simplesmente dizia que seu povo não queria ajoelhar para ele;
     O tempo foi passando e ele foi se aprisionando cada vez mais em seu castelo, não saia mais, não queria ver seu povo naquele sofrimento, ficava dentro de si próprio se mordendo com o peso que caia em sua consciência por não melhorar a vida de seu povo e deixar apenas uma vida melhor para aqueles que estavam ao seu lado, mas sentia em seu coração a dor de não estar ajudando os muitos que poderia.
        Veio sua morte, saiu de sua carne subiu sentou em um banco e ficou lá no aguardo dos que em vida fez sofrer, o ultimo chegou após vinte e um ano, em um piscar de olho havia em sua frente um milhão e trezentas mil pessoas e ali estava começando seu julgamento, foi uma coisa simples, em confirmação a sua punição todos levantaram a mão e ficou decidido que ele iria para o inferno e lá viveria o equivalente ao números de pessoas que fizera sofrer e assim foi.
     Hoje é dia 17 de junho de 1946 e já faz alguns meses que acabou a segunda guerra mundial ele esta cumprindo sua pena e prestes a sair, o diabo não quer mais vê-lo nem pintado de fogo a não ser que em sua consciência ele faça muita maldade e acabe com todo tipo de vida aqui existente, logo estará em uma sala destinado a pessoas predestinadas, essas pessoas tem o poder de direcionar o destinos de muitos, terá uma segunda chance, seus pais já estão o aguardando aqui em baixo e moram em um lugar onde os estados são unidos e já decidiram até qual será seu nome, coisa tipo George.
    O diabo acha que ele vai voltar.