CONQUISTANDO O MUNDO PELA BOCA
CONQUISTANDO O MUNDO PELA BOCA
O Estado do Pará, unidade administrativa da República Federativa do Brasil, oferece aos seus moradores e visitantes, uma impar visão paisagística, além de outros atributos de agradável atração, para quem o visita, quer a passeio ou a negócios ou numa simples parada técnica, que por acaso às vezes acontece, na vida dos viajantes aventureiros deste mundo de meu Deus.
Outro dia, conversando com amigos, nos reportávamos sobre a culinária paraense, e todos nos ficávamos impressionados com a diversidade de pratos típicos, seus sabores, sua origem genuinamente brasileira, cuja matéria prima para a sua confecção; é encontrada: nas matas, nos rios, lagos, igarapés, mangais, e na sua costa atlântica. Ficávamos a imaginar também sobre a inteligência de nossos ancestrais, na utilização da mandioca, retirando o ácido cianídrico em sua química cabocla, produzindo daí diversos subprodutos necessários para a dieta alimentar de seu povo, tais como: tucupi, farinha d'água, farinha seca, farinha de tapioca, folha da maniva, goma etc. e nos indagávamos quantos sucumbiram nas primeiras experiências de degustação desses produtos? O que se passava na cabeça desses heróis anônimos? Era fome ou curiosidade? Ou será que era inspiração dos Deuses da floresta? Se assim o foi, fomos abençoados para mostrar ao mundo o nosso sabor paraoara.
Da floresta podemos extrair a mandioca, matéria prima de deliciosos quitutes, como a maniçoba, iguaria feita com a folha da maniva, com todos os ingredientes de uma feijoada bem brasileira, de aparência não muito agradável, porém de um inigualável sabor. Tapioquinha, beiju, broas, e o famoso tucupi caldo utilizado na mais tradicional culinária paraense como o Tacacá, o pato, porco, peixe, frangos, perus além da variedade de caças oferecida pela floresta, também no tucupi. As farinhas de mandioca e tapioca nos pirões das caldeiradas ou acompanhando o vinho do açaí tirando gosto com peixe frito, camarão ou a carne seca ou jabá, nesse pai d'égua banquete do caboclo do Pará.
Das matas paraenses ainda retiramos frutos regionais como o Abiu, Abricó, Açaí, Ananás, Bacaba, Bacuri, Biribá, Buriti, Cacau, Caju, Camapú, Castanha do Pará, Cupuaçu, Coco, Graviola, Goiaba, Inajá, Ingá, Jatobá, Mamão, Maracujá, Muruci, Piquiá, Pupunha, Taperebá, Tucumã, Uxi e outras frutas que irão compor a farta mesa paraense, sob a forma de: sucos, doces, cremes, sorvetes, pudins, bolos, e outras iguarias que a inteligência desse povo permitir.
Dos rios, lagos e igarapés, do território paraense cuja estatística oficial representa cerca de 40% do manancial de águas interiores do país, saem uma grande quantidade de produtos de variadas espécies como: Aracu, Pacu, Surubim, Tucunaré, Pirarucu, Traíra, Jeju, Tamuatá, Acari, Dourada, Piramutaba, Tambaqui, Filhote, Pescada Branca, Camarão de Água Doce, Curimatã, Apaiari, Avium (camarão muito pequeno), Mapará, além daqueles oriundos dos mais de 500 km de costa Atlântica do Estado do Pará como: Pescada Amarela, Gurijuba, Tainha, Pratiqueira, Gó, Mero, Xaréu, Corvina, Camurim e outros que a nossa memória adormecida escondeu em algum lugar no passado. Todos esses espécimes amazônicos de agradável sabor fazem parte do cardápio de peixes oferecido pelo paraense nas formas mais variadas tais como: ensopados ou caldeiradas, assados, grelhados, fritos, empanados de piracuí (farinha de peixe) etc. utilizando temperos dos mais simples ao mais excêntrico, como a Pimenta de Cheiro com tucupi e chicória.
Dos seus mangais são extraídos: Caranguejos, Turús, Mexilhões e outros moluscos e crustáceos comestíveis que adicionados ao cardápio já exposto, fortalecem os incontáveis atrativos gastronômicos paraenses, como: o Toc-toc, casquinhas, unhas, desfiados, tortas, bolinhos e empanados.
Há também aqueles pratos regionais que atiçam a curiosidade humana que são as caças como: Paca, Anta, Capivara, Veado, Jacaré, cujo consumo é controlado por leis federais de proteção ambiental, juntamente com os quelônios amazônicos como a Tartaruga, Tracajá, Jabuti, Muçuã ameaçados de extinção, mas que geram deliciosos manjares e desafios culinários entre os mais afamados mestres cucas regionais e internacionais.
O sabor da culinária paraense, com seus vários toques micro regionais se configura num fortíssimo atrativo turístico, fazendo despertar em nossos visitantes o desejo do pecado da gula. Apesar de toda uma mistura racial na população do Pará, resultante da vinda de outros povos como: europeus, africanos, americanos do sul e do norte, asiáticos, árabes, judeus e irmãos brasileiros de outras regiões, o sangue caboclo ainda predomina em nossa população. Hoje vemos um sincretismo cultural enriquecendo as nossas raízes e a cultura herdada de nossos ancestrais indígenas para oferecer ao visitante, um cardápio raro e exuberante complementando dessa forma, o apelo turístico oferecido pelo estado do Pará através de suas belezas naturais, seu patrimônio histórico e cultural, a hospitalidade de sua gente, e finalmente da sua gastronomia, magistralmente elaborada para conquistar o mundo pela boca.