Símbolo
Não fazia por si mesmo, fazia por todos aqueles que precisavam de uma trégua, um pouco de prazer e alívio naquele tão difícil novo mundo.
O planejamento havia sido longo e dependeu de vários outros fatores, como a retomada de Itaipu. Estava ansioso. Era chegada a hora de, após uma semana de promessas secretas e muita mão na massa, realizar aquele feito.
Não sabia quantos os acompanhariam, mas sabia que a esperança havia sido renovada após terem noção de quantos refúgios conseguiram assistir o improvisado noticiário que fizeram. Achavam que estavam perdidos, que todos iriam morrer, mas um a um as pessoas os contataram, tanto pessoalmente quanto por rádio. Haviam sobrevivido tantos!
Terminou de remendar a última junção e saiu para verificar rapidamente todo seu longo trabalho, como o havia feito tantas vezes antes. Queria ter certeza de que funcionaria, pois ele mesmo precisava ver aquilo dando certo... precisava sentir o prazer de ter conseguido concretizar o que sempre sonhara. Tinha explosivo suficiente ali para elevar uma pequena cidade, e era esse o objetivo, limpar, da face da terra se possível, aquela imundice que os atormentara e os exaurira durante a antiga vida.
Chamou seus companheiros pelo rádio e os esperou, notando que dois não vieram nem responderam. Não havia como ajudá-los agora, isso poria em risco todo o projeto. Que se ainda estivessem vivos e lutando, morressem com o sorriso no rosto por participar daquele feito. Confirmou com o câmera se tudo estava pronto, recebendo sinal positivo.
Protegeram-se atrás das pequenas janelas do carro forte, era hora.
“Boa noite a vocês que estiveram esperando por este momento. Prometo que não se arrependerão.” O famoso jornalista falava ao microfone. “Após uma longa viagem e muita preparação, eu apresento a vocês...” saiu da frente mostrando a imponente construção agora muito bem iluminada com holofotes e pelo por do sol.
Estava prestes a começar a desconstrução de um dos maiores símbolos brasileiros.
Iniciaram a contagem regressiva...
...Apertou o pequeno gatilho.
A explosão foi tão fantástica e o barulho tão alto que achava provável perder a audição. Seus olhos marejaram.
A bem presa e protegida câmera tudo registrava, fazendo a limitada platéia esquecer-se de respirar devido à surpresa e emoção.
E de forma tão majestosa quanto um dia a construção o fora...
...O Palácio do Planalto simplesmente deixara de existir.
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