IMAGINAÇÃO

IMAGINAÇÃO

Toda vez que cruzo o rio Guamá, que banha o lado sul desta Belém pai d’égua, viajando a serviço, ou a passeio, além de apreciar as belezas naturais dessa região maravilhosa, fico a imaginar o aspecto histórico aventureiro de nossos ancestrais, nos primórdios da conquista do espaço mais cobiçado do planeta, que é a Amazônia.

Imagino Francisco Caldeira Castelo Branco comandante da expedição que fundou Belém, maravilhado com a visão paradisíaca nunca vista anteriormente, com suas praias de água doce, e areias virgens sem a poluição de coliformes fecais existentes na atualidade. A sua decisão de aportar às margens do elevado do Piry e ali construir o primeiro núcleo habitacional da cidade; uma fortificação de taipa que denominou Forte do Presépio em homenagem ao dia que partiu do Maranhão para expulsar os franceses que queriam implantar a França equinocial na América portuguesa.

Imagino o Padre Antônio Vieira e seus irmãos da Companhia de Jesus, desembarcando para catequizar os gentios que aqui moravam liderados pelo povo Tupinambá, juntamente com outras ordens religiosas como os Franciscanos, Carmelitas e Mercedários que ajudaram a conquistar e manter esse paraíso tropical sob a égide da coroa portuguesa.

Imagino o período das construções dos palacetes e igrejas concebidos por Antônio Landi, arquiteto italiano trazido especialmente para esse fim, sob a chancela do então governador do Grão Pará Mendonça Furtado, irmão do todo poderoso Marquês de Pombal primeiro ministro da coroa portuguesa, tomando o lugar da exuberante floresta amazônica, num desmatamento sem precedentes para a época.

Imagino as lutas que antecederam a adesão do Pará a Independência do Brasil. O caso do Brigue Palhaço, um dos estopins da maior revolta social do país que foi a Cabanagem. A estratégia dos ataques cabanos interioranos, atravessando o caudaloso rio Guamá para atacar a sede do governo da Província do Pará, em frágeis embarcações de propulsão humana.

Como eles fizeram a travessia?

Será que foi na calada da noite ou foi sob o escaldante sol amazônico?

Como ainda tinham forças para lutar após esse traslado?

Aí eu olho para as ilhas e os inúmeros furos existentes, e deparo com os verdejantes açaizeiros que aquela época deveria ser em maior numero, fornecendo seus frutos para o poderoso vinho paraense, que por certo vinham suprir não só a força física, como também fortalecer o espírito de luta do caboclo cabano, filhos da Princesa Louçã. E assim escrever uma das páginas mais bonitas da história desse admirável lugar. Acredito esta aí a resposta de minhas indagações.

ACM Cavalcante
Enviado por ACM Cavalcante em 04/06/2013
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