Rute no Tempo
Rute estava envolta em um passado eterno, não conseguia entender porque as coisas tinham que ser passageiras, porém, o eterno e o infinito também lhe amedrontavam. Desde que começou a louca viagem, Rute não se encontra mais, vê-se a todo momento dentro de um complexo do que foi, do que deveria ser e do que será. “Maldito pedido!!!”, resmungava. Não sabia que seria daquela forma, era só uma vez, uma única vez e pronto. Precisava do seu passado para reencontrar algo, no entanto não sabia que iria ficar presa. Presa por si mesma, tentando remendar a colcha de retalhos em que se transformara a sua vida. Momentos distintos, sentimentos distintos, pessoas iguais, diferentes. Sentia-se algemada, do porão ao sótão, seu corpo ia e vinha, o seu olhar tremia. “Onde estou?!”. Pobre Rute se perdera, por causa do amor, por causa da ânsia de querer sempre mais. E agora, Rute é levada por uma enorme névoa amarela.