Nuit sans fin

Nuit sans fin

No escuro da noite ando tateando a procura de encontrar-te, meu sono ausente me leva à janela do apartamento, olho o silêncio da cidade grande lá embaixo, o amor que fizemos ainda se faz presente no ar, pego uma taça de vinho, os pensamentos continuam fluindo de forma avassaladora e tudo que consigo fazer é dar um gole e observar o catador de sucatas puxando seu carrinho rodeado de cachorros, numa luta infinita em busca de pão e cachaça, meu vinho também não é nobre e por vezes me deixa de lembrança uma dor de cabeça infernal, coloco os fones de ouvido, não quero que acorde, ouço Piaff, como queria estar em Paris agora, mas a Paris dos anos 50, romântica e idealista, nunca fui a Paris, tomei um gole de um “moet alguma coisa”, que não sei escrever e muito menos pronunciar, bebida horrível, meu paladar é pobre. Lá embaixo o catador vira uma garrafa no “bico”, resolvo descer. A madrugada pertence aos fortes, vou levar meu vinho e ver se descolo um gole de cachaça, Paris está distante, assim como eu estou da realidade patética dessa cidade de prédios tortos e políticos idem, madrugada fria...

- Quer vinho?

- Quero

- Quer pinga?

- Quero

- Qual é seu nome

- Valdivino

- E sua graça?

- Adriano

Sentamos e bebemos, vimos o sol nascer por entre o concreto.

- Poderia ser as margens do Danúbio na França.

- Você quer dizer Sena?

Corrigiu-me o Valdivino...