As Rosas Sofridas Cap.XI
não presenciei, apenas soube o que se passou contado é claro por pessoas que merecem crédito, mas é muito delicado, mas como aquilo foi muito comentado, apesar de que foi assunto que se tornou proibido, tinham medo de falar. Era como fosse proibido. Por respeito e até por medo de falar, foi caindo no esquecimento, ou na normalidade. Mas esta pessoa poderia falar com convicção por que conviveu com Dona Rosa. Eram até comadres, e sua casa era encostada aos dos Mariani. Ela socorreu muitas vezes a Dona Rosa. Não de agressão física, mas brigas que eles tinham, e como ela tinha também um gênio forte... Ela sempre chegava na hora para serenar os nervos. E Josias, seu compadre, respeitava e gostava muito dela, então sempre conseguia acalmar os ânimos naqueles momento de desânimo e de revolta por parte da comadre.
Mas o fato é que as coisas esquentaram para o lado do Josias e da cunhada, apesar de muito nova, mas... Mas não se sabe se houve um caso de amor entre eles. Realmente houve, mas não foi um caso de amor, foi muito mais triste, até desumano, diga-se de passagem.
Essa moça foi mais uma vítima... Primeiro da sua beleza tentadora, depois de um homem, se é que pode se chamar de homem. Ou verdadeiro animal!
Ela tinha apenas quatorze anos para quinze quando aconteceu isso! Acredito que ela tenha tido uma atração física por ele, ou ilusão de criança desamparada, no que diz respeito a conselhos, cuidados na extensão da palavra. Isso não quer dizer que a Dona Rosa não cuidava dela, mas foi tomada de surpresa. Ela nunca imaginou que seu marido tivesse a ousadia da fazer o que fez.
Ele poderia ter sido morto, mas como as coisas ficaram cobertas na fazenda, onde ninguém da cidade tivesse conhecimento do caso, e os agregados da fazenda não se atreviam a falar nada, então a coisa morreu ali mesmo. E por isso que ninguém sabe da verdade a não ser poucas pessoas da família que preferiram ficarem quietos, mesmo por que Dona Rosa não quis complicar mais a sua vida e de todos.
Como disse ela poderia ter se envolvido com ele por ingenuidade, e por ser ele poderoso o que seria perfeitamente normal. E as condições de vida que ele impunha; sem ter contato com outras moças e rapazes da sua idade. Viver numa fazenda, não existindo jovens do seu nível social, e era repreendida quando brincava com alguns dos filhos dos vaqueiros ou dos agregados.
Ninguém tinha coragem de levantar os olhos para ela, mesmo os filhos de fazendeiros não se atreviam pretender alguma coisa com ela, tinha medo do senhor Josias! Houve um rapaz que se entusiasmou muito, mas foi logo desiludido, julgando-se incapaz de conquistá-la ou... quem sabe alguém o fez desistir. O fato é que este rapaz desapareceu não se viu falar mais nele.
O tempo passou e o pouco comentário que houve foi abafado e esquecido. Ninguém estava disposto a falar ou fazer alguma coisa. Se a Dona Rosa a interessada direta pôs uma pedra em cima, quem mais queria desafiar o todo poderoso Josias!
Tempos depois ficaram sabendo que ela havia tido dois filhos dele... Eu não gostaria de falar nesse assunto, mas é impossível evitar agora, já que comecei.
Quando Edelzita veio para casa da Dona Rosa...
(Edelsita era o nome da irmã dela) Chamavam-na de "Delzita"., Dona Rosa tinha perdido uma criança com sete anos de idade, e este já era o terceiro ou o quarto, não sei bem, não falando nos gêmeos que não chegaram nascer com vida. Bem, aí também tem uma coisa que não ficou muito bem explicado, mas afinal quem quer saber, o que se pode explicar o inexplicável, era melhor deixar as coisas como estavam.
Dona Rosa estava esperando mais um filho, então a chegada da Edelzita foi muito bom para ela, por que teria uma companhia, uma irmã. Seria um apoio a mais para ela. Durante a gravidez da Dona Rosa, Delzita foi muito útil, e por sinal ela alegrava muito a casa, coisa que á muito tempo não se via naquela casa. Até mesmo as festas juninas que eram muito festejadas, principalmente a de São João, até isso tinha acabado, ou pelo menos não era como antes. Josias mandava buscar muitas frutas, bebidas, e muitos enfeites bonitos para a fogueira. Mandava buscar na capital muitos, fogos. Trazia cantadores de outras corrutelas para se defrontarem com os da fazenda, por que lá havia bons repentistas! Mas aos pouco tudo foi se acabando. Mas nesse ano a pedido da Dona Rosa, Josias fez uma grande festa no dia de São João. Delzita estava muito animada ajudou muito na organização, e esta foi a melhor que já havia acontecido na fazenda; mas quase aconteceu uma tragédia.
Um rapaz da cidade que foi convidado por Dona
Rosa; creio que de propósito; se engraçou com Delzita. Foi um Deus nos acuda. Josias até expulsou o rapaz da fazenda. Quase terminou a festa, Se não fosse á pronta intervenção de um amigo deles, por nome Lélio, o qual passou também não ser visto com bons olhos, por que Josias desconfiou que ele também andou arrastando as asas para ela, apesar de ser casado e com uma mulher que era uma fera! Mas apesar de tudo os coronéis mandavam e desmandavam, e as mulheres só obedeciam e se calavam diante de coisa absurdas que eles faziam! Todos eles tinham as chamada "raparigas". Era como eram chamadas estas pobres e desventuradas criaturas. E ter raparigas era um ponto de honra. Era como se possuísse o melhor cavalo, o mais veloz o mais bonito. Porém, Josias não tinha raparia, justiça seja feita, mas diziam ás más línguas que não se salvava nenhuma empregada bonita, jeitosa.
Como eu dizia, ele não tinha até a chagada de Delzita, é claro. Ela não era uma rapariga, é claro, mas ele a fez. Era a lei dos mais fortes. Para eles tudo era permitido, mas coitadas das mulheres que fizesse uma coisa desta, seria executada como uma cadela, e tinha o respaldo da lei... Executada por agravo a honra. Mesmo assim dizem que algumas mulheres desafiando a morte, faziam com que eles não passassem nas portas. Não que elas fizessem por gostar, por prazer. Existiam até algumas que diziam ter e não tinham. Era apenas pela humilhação que passavam. Algumas até (desapareceram), mas também a tão decantada honra cambaleava na lama, e muito deles tinham medo, por que sempre aparecia aquela que se fazia de marte.
Muito bem com o eu estava falando; com a intervenção do Lélio, a festa continuou, mas o rapaz fugiu, mesmo por que se não fugisse estaria arriscando a ser convidado.
Ou levado para dar um passeio! Isso mesmo, com a proteção da Dona Rosa. Mas não seria difícil ele desaparecer para sempre, e servi de refeição para os jacarés; (contudo, ele nunca fez tal coisa),,,
E isso era feito sem medo que pudesse acontecer alguma coisa, o fato era que ele não permitia a aproximação de nenhum homem a Delzita. Ele dizia apenas que ela era uma criança, por isso não permitia que nenhum rapaz pudesse se aproximar dela, e não fazia conta se convencia alguém ou não com esta explicação.
De início pensavam que a Dona Rosa não sabia de nada, mas com o tempo os fatos por si só, revelaram.
Quando Dona Rosa foi para cidade dar a luz a uma criança; Delzita ficou na fazenda, pois o Josias deveria ir também para assistir o parto como era de costume do lugar, e só voltava quando terminasse o resguardo que era de quarenta dias, isso se tudo corresse bem. Então era necessário que ficasse alguém, e como era perto, se houvesse necessidade da presença dele, ela mandava chamá-lo; isso se fosse uma coisa muito grave, mesmo por que o capataz tinha todos os poderes de resolver qualquer coisa na sua ausência.
Todas as mulheres que moravam na fazenda, quando se aproximava o dia do nascimento das crianças, iam para a cidade para fazer os exames e serem observadas, por que era muito difícil fazer os exames nas fazendas, apesar de mandarem vir o médico.
Dona Rosa não queria que a Delsita ficasse na fazenda sozinha, então pediu ao marido que providenciasse a vinda dela parra a cidade, mesmo por que ela seria muito útil a ela durante o resguardo. Josias foi buscá-la, e aproveitou ver se tudo estava em ordem na fazenda.
A viagem da cidade até a fazenda a cavalo era mais ou menos três horas, Então era possível ser feita no mesmo dia, principalmente com os cavalos que ele tinha. Mas isso não aconteceu; ficou para voltar no dia seguinte, e isso também não aconteceu, só voltou no fim da semana, isso quer dizer que Josias ficou três dias na fazenda, o que não foi ignorado pela Dona Rosa. Ela sabia que o marido não gostava de fazer viagem correndo, e depois não era tão necessário a sua presença lá por que a criança só deveria nascer dentro de alguns dias, e foi justamente a desculpa que ele deu.