As Rosas Sofridas Cap IX

Mas sabia que Dona Rosa não estava ali, seu pensamento estava muito longe, e ela tinha medo que ela fizesse algo que viesse atrapalhar os planos que tinham em mente.

Dona Rosa por fim rompeu o silêncio e falou como se estivesse falando para si mesma. Então foi isso! Então entendo o comportamento de Josias! Ele é muito fino para proceder daquela maneira. Então Antonia perguntou: - A senhora está falando comigo ou com os seus botões, não quero atrapalhar a conversa, brincou. O que ele lhe falou que a deixou tão decepcionada. O que aconteceu de tão horrível ontem aqui?

- Bem Antonia, eu vou lhe contar tudo... Depois de narrado todos os acontecimentos do dia anterior, Antonia disse: - Não é possível que alguém possa fazer uma coisa dessa; não um homem como o senhor Josias; e ainda orientado pelo seu pai. Mas como conquista sem lutas não tem valor vamos lutar! Primeiro vamos traçar um plano de ação. Precisamos saber se a atitude dele foi espontânea ou se estava cumprindo que fora premeditado. É preciso estarmos certas deste detalhe, o menor que seja é importante. A senhora precisa se lembrar de tudo, terá algo que poderemos tomar como referência, uma fraqueza dele durante os acontecimentos.

Sabe Antonia, agora eu me lembro de uma coisa que me deixou pensativa. Quando fui buscar lenha ele ficou me observando. Eu tive a impressão de que alguma coisa havia para que ele não fosse me ajudar fazer aquele serviço. Notei que quando eu ia me aproximando da casa ele fez menção de ir ao meu encontro, principalmente quando ele me viu com aquela cobra na mão.

Mas ele se deteve e não fez nenhum comentário. Notei que quando levar o café para ele na sala, e fiquei parada esperando pela xícara, ele me olhava com muita ternura, e demonstrava vivamente que estava com pena de mim. Também em outro momento quando fui perguntar-lhe se desejava mais alguma coisa por que eu já ia dormir. Senti que naquele momento que ele desejou me tomar nos braços. "Meu Deus como desejei aquilo, eu esqueceria o cansaço a decepção, o desespero, tudo!" Mas foi apenas impressão, ele é mesmo um carrasco. Apesar de que antes do nosso casamento, Josias era uma pessoa maravilhosa. A melhor pessoa do mundo. Generoso, delicado, cortês e sobre tudo muito humano! Meu Deus será que uma pessoa pode ser assim tão hipócrita? Não pode ser, cada vez me convenço mais de que isso foi planejado! Nós tínhamos tantos planos para nossa lua de mel! Preparamos com tanto amor. Quanta abertura havia entre nós, por que esta mudança? Será que ele se arrependeu de ter-se casado comigo? Mas se foi ele que quis apressar o casamento?! Marcado para a primavera deste ano... Até estes detalhes eram observados por nós...Não entendo Antonia, não entendo!

- Calma Dona Rosa, nós chegaremos á conclusão real deste mistério. Amanhã a senhora vai viajar em lua de mel, no seu regresso poremos em prática os nossos planos. Agora vamos voltar o senhor Josias já deve estar preocupado conosco. Os costumes aqui são outros.

- Mas eu terei que moldá-lo a minha maneira.

- Eu sei Dona Rosa, mas o que foi que combinamos? Não afrontar o seu marido.

- Eu não quero afrontá-lo; apenas fazer valer os meus direitos, não estou disposta a ser escravizada por ele. Vou defender os meus direitos custe o que custar!

- Mas a senhora agora está sendo injusta, não está dando oportunidade a ele de se retratar. Espera a sua volta de Lua de mel, depois então tomaremos a decisão.

- Não Antonia, não vai haver lua de mel, não vai haver casamento!

- Senhora, o que está falando? Desculpe-me, mas isso é um ato de loucura! A senhora está casada; Não Antonia. O matrimônio não foi consumado. E eu posso me arrepender antes da consumação. Foi uma imprudência, eu não o amava, e nenhum juiz ou padre pode me obrigar a isso, e nem ninguém, principalmente a igreja, ela deverá preservar o casamento que poderá ser desfeito a qualquer momento antes da consumação.

- Antonia, você sabe que sou uma pessoa instruída, sou formada, não sou nenhuma indigente, analfabeta. Posso acusá-lo de maus tratos no dia do casamento, e se isso não bastar confesso que me enganei, e que não sou capaz de dar o matrimônio ao meu marido. Se a igreja não anular este casamento, o que sei que tenho direito a igreja será responsável pelo que acontecer futuramente, a separação de corpos ilegalmente.

- Dona Rosa, e a sua família, o escândalo? A senhora já pensou na repercussão que vai ter?

- Menor que a minha infelicidade, continuando casada com um homem desta natureza!

- Os seus pais como vão ficar diante deste escândalo?!

- Antonia, isso é outra história. Ele, meu pai, terá que se conformar.

Á não ser que queira responder pelo mal que juntamente com o homem com quem me casei me fizeram... O casamento está desfeito e pronto. Amanhã volto para minha casa, tenho umas contas a acertar com meu pai!

- Dona Rosa, pense: "A senhora não quer dar uma oportunidade para ele, pelo menos saber por que tomou esta decisão?"

- Não, eu não quero!

- Então vamos voltar para casa. Pôr favor não tome nenhuma atitude antes de amanhã.

- Mas amanhã nós deveremos partir.

- Peça para ele adiar. Diga-lhe que deseja ir á sua casa antes de viajar. Por favor, ouça-me, a senhora pode se arrepender!

- Eu poderei me arrepender se deixar que este casamento seja consumado. Aí não terá mais jeito.

- Então me responda. A senhora não o ama?

- Claro que o amava. Eu era até contra os meus pais por que não queriam este casamento. Eu o amava demais. Ele era o único homem que poderia me fazer feliz, era o que eu pensava. Mas diante do que aconteceu aqui, você poderá imaginar o que poderá acontecer depois que eu não poder fazer mais nada.

Não, minha amiga, não. Eu o amo, mas devo amar muito mais a mim mesma. Preservar a minha felicidade a todo custo. Eu não quero ser uma Dona "Ester" na vida dele. Já basta uma, a minha mãe! Eu sei que contarei com o aval dela, apesar de que minha mãe goste muito dele, e será difícil fazê-la acreditar que Josias tenha feito isso, mas depois que eu contar para ela a conversa que ouvi os dois falando, ela compreenderá e verá que pode ser cortado um mal pela raiz.

Algo que ela mesma poderia ter feito um dia!

- Mas sua mãe não é feliz?

- É, mais a que preço!... E eu não estou disposta passar por isso.

- Muito bem Dona Rosa, apenas faça isso, pede adiamento da viagem e com jeito, por algum motivo a não consumação do matrimônio!

Está bem, Antonio, talvez você tenha razão; e eu quero lhe agradecer por tudo, não sei o que seria de mim, nem como estariam as coisas se você não estivesse aqui para ajudar, me orientar... Eu posso contar mesmo com a sua amizade, não está me enganando?

- É claro Dona Rosa que pode; e isso é uma honra para mim, e creia que a estimo muito, e com tão pouco tempo. É verdade, acredite! Voltaram para casa, Josias realmente já estava á espera delas no alpendre, e quando entraram ele perguntou: - Foi conhecer a nossa casa de farinha? Foi feita com as técnicas modernas, comentou: temos condição de fornecer farinha para todos os nossos clientes, sem ser necessário trabalhar como no ano passado, dia e noite!

Dona Rosa interrompeu: Eu não fui a casa de farinha, mas irei oportunamente, por que gosto muito daquele serviço. Quem sabe terei que aprender depressa esse trabalho!

Vamos entrar, disse Josias secamente, precisamos conversar.

Enquanto isso Antonia vai arrumar as malas para ver o que você pretende levar. Seria aconselhável levar o menos possível. Se houver necessidade nós compraremos lá. Depois vamos ficar poucos dias. Vou levar somente um burro com carga. Na cidade resolveremos se vamos a cavalo ou de vapor!

WWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW

Lício Guimarães
Enviado por Lício Guimarães em 18/05/2013
Código do texto: T4297283
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.