Cinza e Triste
Dirigindo o seu pequeno carro de um modelo antigo, ele vinha pela estrada, estava longe de casa já fazia tempo. Ao seu lado um parceiro novo, que conhecera a pouco mais de dois anos, muito diferente daquele outro que lhe acompanha durante toda a vida, e partira. Quilômetros de distância, eis que avista algumas placas, lembrou-se da pequena cidade que não visitava há seis anos, lembrou-se do amigo que o aguardava em seu pequeno barzinho, onde residia com a mulher e os filhos. Decidiu entrar na cidade, muita coisa havia mudado. Depois de procurar um pouco, encontrou a casa do amigo, tudo estava diferente, o piso vermelhão havia sido trocado por uma cerâmica cinza triste, não havia mais a felicidade dos amigos que se sentavam ao redor das mesas para conversar, apenas duas mulheres e um homem sentados, com expressões cansadas de um dia árduo de trabalho. Percebeu que o amigo não estava lá, pensou o pior, que logo foi confirmado pelo olhar melancólico das duas mulheres. Ele desmoronou dos seus um metro e oitenta e cinco, seus olhos lacrimejaram, “como isso fora acontecer?”, perguntava consigo mesmo. Colocou os óculos escuros, voltou ao carro com uma feição abatida e seguiu a sua vida sem rumo, mas dessa vez sem o abraço do amigo.