O SONÂMBULO
Naldo acabara de despertar, estava de pé, ali no meio do asfalto e apesar da escuridão percebeu que estava fora da cidade, na rodovia que liga sua cidade à cidade de Denise na linha que segue rumo à Capital, passando por Denise, Assari, Barra do Bugres, seguindo até Cuiabá. Acreditou que estivesse a menos de um quilômetro afastado de sua urbe e não conseguia ver as luzes por estar abaixo do nível de suas instalações.
Estava no escuro, atordoado, pois acabara de despertar de um ataque de sonambulismo, sem saber que horas seriam. Acabara de acordar de um ataque de sonambulismo, havia saído do bar onde esteve bebendo com amigos, com destino à sua residência e adormeceu caminhando, andou dormindo, tomando rumo diverso de sua casa, vindo acordar naquele lugar onde apesar da escuridão, deduziu pela paisagem, estar naquela rodovia. Porém, acordando atordoado e ainda no escuro, não conseguiu se orientar. Acreditava estar tomando a direção de volta à sua cidade, tomou o rumo de Denise, andando o resto da noite, caminhando por volta de uns trinta quilômetros e ao amanhecer, já faltando uns dez quilômetros para chegar em Denise, percebeu que estava na direção errada e refez o caminho de volta.
Vestindo shorts e camiseta, chinelo havaiano nos pés, sozinho e sem dinheiro. Refez quase todo o percurso de volta, caminhando a pé. Por volta das oito horas da manhã, o ônibus que faz a linha de Tangará da Serra a Diamantino, passou por Naldo, mas como estava sem dinheiro para pagar a passagem, nem acenou, seguindo de cabeça baixa, seu caminho passo a passo.
A hora ia se adiantando, bateu a fome, a sede e o cansaço. Parou primeiro em uma casa à beira da estrada, pediu água, no que foi prontamente atendido, tomou quase dois copos e agradecendo aos donos da casa, despediu-se e seguiu em frente. Mais adiante, parou em outra casa e pediu uma xícara de café, as pessoas da família, demonstrando desconfiança, vendo seu aspecto de andarilho, mas ofereceram-lhe o café, sem contudo convidá-lo a adentrar a residência, tomou o café ali de pé no terreiro da casa, agradeceu e despediu-se da família, retomando seu caminho.
Durante seu trajeto de volta, muitos carros passaram por ele, aos quais acenava pedindo carona, mas ninguém parou. Naldo andou quase toda noite e o dia até mais ou menos onze horas da manhã, fazendo um percurso entre ida e volta de uns cinquenta a sessenta quilômetros a pé. Aaté que finalmente, isso já faltando uns seis a oito quilômetros , passou por ele um caminhoneiro amigo que o reconheceu ofereceu-lhe uma carona até sua cidade.