A morte.

Meu coração batia intensamente.

A névoa estava presente por toda parte.

Eu revivia aquela ocorrência a todo tempo, sentia seu desgosto sendo escarrado por todos seus poros, seus gritos abafados, o hálito quente e sua pele sórdida. Sentia sua resignação e sua ira. Ouvia a batida de seu coração, seu coração de enfeite, o grande alvo. Sua pele escoriava no asfalto a cada movimento brusco, sobre olhares ele se sentia inferior, suas pupilas dilatadas expressavam temor. Ele estava diante de seu exterminador, que circundava seu corpo, cativava-se com seu sofrimento, queria vê-lo morrer aos poucos, queria ser o causador de sua dor.

Já não podia conter seu amedrontamento, sua saliva escapulia por entre os lábios, banhava o asfalto com seu desespero, poluía o ar com seus lamentos e a si, previa o fim.

Um, dois, três tiros. O ruído estridente de uma pistola velha ecoava por todo canto. O projétil eclodiu o alvo com tamanha avidez. Sua expressão alterou-se em questão de segundos, seus olhos entreabertos, seu corpo vibrando por conta do impacto das balas e o sangue jorrando para fora de seu corpo, como algo que não via a hora de sair. Sangue sujo. Seu exterminador fitava tudo com cautela. Ali já não existia mais nada, além de um cadáver. Um sofrido cadáver.

Em passos largos se afastou. Estava tênue e extasiado, contudo insatisfeito, ele precisava de mais.

A perplexidade impediu minhas lágrimas de caírem, meu coração já não batia com a mesma intensidade e minha respiração era quase impercebível. Tudo girava. O ruído dos tiros ainda ecoava em minha mente. Seu desespero ainda habitava em minha alma. Minha paz foi-se junto com aquela vida.

Caahsfc
Enviado por Caahsfc em 03/05/2013
Reeditado em 14/03/2014
Código do texto: T4272939
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