Adivinhem quem não virá para o jantar?
Valter ocupou as últimas horas do dia daquela sexta-feira para dar alguns telefonemas. Foram quatro. Primeiro para sua ex-esposa, depois para a filha de 23 anos, para a atual namorada e finalmente para a mãe. Depois ligou para alguns amigos desmarcando encontros.
Já em casa, vestiu o avental azul e começou o preparo na cozinha. Conferiu se não estava faltando alguns ingredientes e com maestria temperou o pernil de porco sem consultar a receita. Mesa arrumada com esmero.
Deixou o arroz para mais tarde, sabia que levaria 20 minutos para o cozimento; a salada estava pronta e a temperaria minutos antes de servir.
Olhou o relógio – 21h30. Mulheres sempre se atrasam. Agora era a vez do arroz.
Conferiu o assado, o sabor indicava que estava pronto. Desligou o forno. Se fosse necessário, o ligaria para esquentar quando a visita chegasse.
O celular toca, Valter estranha o chamado. Atende.
Um acidente tirou a vida de cinco pessoas, entre elas...
Valter se desespera e sai apressado.
Pela primeira vez não ouvirá elogios sobre o tempero do pernil e do arroz soltinho.