Viagens pelo Ceará LXXII

IDEIAS AVENTUREIRAS, MUSICAIS, LITERÁRIAS, MÍTICO-CURANDEIRAS, ENXADRÍSTICAS, TEATROLOGAS E INSANAS... DE MORADORES DO VALE JAGUARIBANO, NUM ANO DE ESTIO.

ALTO SANTO

Alegrei-me subitamente ao ponto espantar a tristeza de poucos minutos antes e rir ruidosamente sozinho. Meus pensamentos se voltaram para o início daquela minha viagem. Quantas confissões e impressões eu ouvira, meu Deus! Senti que era hora de voltar à capital e começar a colocar em ordem tudo o que havia colhido naquela empreitada. Eu já pensava eu fazer o mesmo trajeto de forma inversa, mas somente quando a estação mudasse, sim, e eu já começava a ter saudade do que ainda ia acontecer.

Fiz uma breve retrospectiva e tudo me vinha à lembrança. As impressões do cozinheiro-pescador A. Carlos, as falas do poeta e do filósofo, personagens da peça de teatro do Aracati, as opiniões do Zé Arilo de Jaguaruana sobre política e coisas da religiosidade. As observações do barbeiro Adenor e do policial Petronio, as poesias recitadas no sarau Russano, as experiências de Adejante e Manezim, os observações históricas do poeta Argemiro de flores sobre a viola no Brasil, o uso de plantas medicinais e os poderes da fé em orações do rezador Atanásio de Quixeré. Os conhecimentos e impressões musicais do Manfredo em Limoeiro do Norte, o dilema e desatino do Brucutu de Boqueirão e o que me falou o Chico Girão e outros jogadores sobre os delírios do sofrido e irreverente Zé da dona Júlia.

Fiz uma prece de agradecimento a Deus por todos aqueles momentos da viagem. Restava agora tomar uma atitude, e pelo que me inspirou a viola eu estava decidido: Era hora de almoçar e pegar a estrada de volta!

FIM

Agamenon violeiro
Enviado por Agamenon violeiro em 01/05/2013
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