Entre letras, goles e tragos

Após alguns cigarros sinto-me melhor, um tanto mole, fraco, suave, porém bem.

Volto a escrever, falo de pernas suadas, seios de mulher em resguardo respingando um leite fino e claro por toda a cama.

Tomo um vinho doce feito o sangue que corre pelas veias do homem, não é meu preferido mas é o mais barato. Não posso sustentar meus vícios com luxo. Me contorço na cadeira, fumo mais um cigarro, volto para a escrita. Continuo pensando nos seios pingando, lembro-me de minha primeira esposa, das brigas pela tv, do choro estridente e esfomeado de Manoel, das loucuras noturnas e dos chifres trocados. Mas logo esqueço, volto a ser bicho solto, rasgo seda, penso em sexo, apago linhas, me enrolo em em panos,

faço um casulo de trapos e durmo. Morro por alguns instantes, volto para o mundo, pego meus cadernos amarelado e escrevo, retorno para minhas inacabadas histórias. Acrescento umas duas palavras, uns pontos perdidos e paro. Termino em vírgula. Procuro putas adocicadas de bunda avantajada e seios graúdos.

Nada me satisfaz, não preciso de sexo, preciso de ideias, de momentos e de arte. Estou farto de corpos ocos e mentes lesadas. Preciso sugar da minha alma e beber da minha saliva, como uma masturbação mental que vai além de sexo, de paz, de ódio e de amor.

Lélia Borgo
Enviado por Lélia Borgo em 28/04/2013
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